O juiz federal do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) Ney Bello travou parcialmente nesta segunda-feira, 6, a operação de aquisição de termelétricas da Eletrobras no Amazonas pela Âmbar Energia, dos irmãos Joesley e Wesley Batista.
O magistrado concedeu uma decisão em caráter liminar (ou seja, provisória) que cancela a conversão dos contratos de compra e venda de energia das termelétricas da Eletrobras para a Âmbar em Contratos de Energia de Reserva (CERs). Essa conversão é fundamental para viabilizar a operação.
+ Leia mais notícias de Economia em Oeste
A decisão foi em resposta a uma ação movida pela Companhia de Gás do Amazonas (Cigás), controlada pelo governo do Estado e pela empresa privada Termogás, do empresário Carlos Suarez.
O juiz determinou que a Âmbar só vai poder concluir a conversão dos contratos com a anuência prévia da empresa amazonense. O pedido foi apresentado em 3 de janeiro deste ano, com representação do ex-presidente Michel Temer, que agora atua como advogado da Cigás.
Ao atender ao pedido, Ney Bello criticou a venda das termelétricas.
“Observo facilmente que a complexa operação do mercado de energia – e da cadeia de fornecimento para o Estado do Amazonas – pode ser compreendida minimamente, ao ponto de se entenderem as razões pelas quais há fundamental risco para consumidores e para a sociedade como um todo por força da intervenção judicial nos contratos celebrados anteriormente”, disse o magistrado na decisão.
Leia também: “Justiça determina transferência da Amazonas Energia à Âmbar, dos irmãos Batista”
Ele acrescenta que, encerrado o recesso forense, os autos do processo devem ser enviados à presidência do TRF-1, “órgão competente para decidir o mérito e as questões incidentais a este pedido”.
A decisão pode trazer implicações significativas para a negociação de compra das termelétricas e para os planos futuros da Âmbar de adquirir a distribuidora Amazonas Energia.
Em seu despacho, o juiz destacou o impacto da operação sobre a cadeia de fornecimento de energia no Amazonas, que depende do gás natural extraído pela Petrobras e distribuído pela Cigás para as termelétricas, que abastecem o Estado por meio da Amazonas Energia.
“Logicamente há interligação entre os atos aqui questionados e o bem-estar do consumidor final”, afirma o magistrado. “Por esta razão, há estreita ligação entre as cadeias de suprimento de gás natural e de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica para a comunidade como um todo.”
Compra de termelétrica pelos irmãos Batista pode aumentar conta de luz
Ney Bello se refere à medida provisória (MP) editada logo depois o anúncio da compra das termelétricas pela Âmbar. A MP, segundo especialistas, teria favorecido a empresa, embora a Âmbar negue.
O juiz argumentou indiretamente que a decisão poderia resultar em custos adicionais para os consumidores, caso os contratos entre as termelétricas com a Cigás não fossem resolvidos previamente.
Leia também: “Âmbar Energia, dos irmãos Batista, compra 4 hidrelétricas da Cemig, por R$ 52 milhões”
A Cigás, em carta enviada à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), demonstrou preocupação com a operação, sob o argumento de que a Eletrobras possui passivos judiciais estimados em R$ 50 bilhões com a Cigás e a Petrobras. A distribuidora teme que a saída da Eletrobras da região torne a cobrança dessas dívidas ainda mais difícil.
A petição de Michel Temer, acatada por Ney Bello, revelou que a não resolução dos passivos judiciais pode levar ao aumento das tarifas de energia para os consumidores.
O post Justiça trava venda de termelétricas da Eletrobras para empresa dos irmãos Batista apareceu primeiro em Revista Oeste.