Entidades médicas relatam um preocupante desabastecimento de insulina no Brasil. O medicamento é crucial para o tratamento do diabetes. O Ministério da Saúde justifica que a escassez de insumos para a produção é um problema global.
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O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece insulinas, como Humulin ou Novolin NPH e a Regular, que estão em falta, segundo Sylvio Provenzano, endocrinologista do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremer).
“Houve uma falha de produção desses tipos de insulina”, disse o médico à Folha de S.Paulo.
Escassez nas farmácias de São Paulo
No início desta semana, o jornal verificou a situação em 14 farmácias na cidade de São Paulo. Todas apresentavam algum nível de desabastecimento: nove não tinham nenhuma versão do medicamento, quatro ofereciam apenas refil para caneta e uma tinha somente a caneta de insulina regular.
O tratamento para diabetes tipo 1 depende da insulina, pois os pacientes não produzem a substância em níveis suficientes. “Depois de quatro ou cinco dias sem insulina, o paciente pode entrar em coma diabético, que tem uma alta taxa de mortalidade”, alertou Provenzano.
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Em novembro, o Conselho Federal de Medicina manifestou preocupação com a falta de insulina, alertando para o risco de consequências graves para a saúde pública caso o abastecimento não seja restabelecido.
“A restauração do abastecimento contínuo e adequado deste medicamento não pode ser postergada, sob risco de consequências irreversíveis para a saúde pública”, disse a entidade.
Resposta do Ministério da Saúde sobre escassez de insulina
Em resposta, o Ministério da Saúde negou a existência de desabastecimento no SUS. A pasta afirma que adotou medidas para mitigar a restrição global na oferta de insulinas humanas NPH e Regular.
O ministério destacou em comunicado que assinou acordo para a aquisição de 55,6 milhões de unidades para 2024, com um investimento de R$ 799 milhões. Para 2025, o orçamento deve subir para R$ 1 bilhão.
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A pasta informou também que fechou, em 26 de novembro, um acordo com a Novo Nordisk para antecipar a remessa de 1,8 milhão de canetas de insulina até dezembro de 2024, garantindo o abastecimento no SUS. A pasta não confirmou se a Novo Nordisk é o único fornecedor para o sistema público.
Não há informações oficiais sobre o número de farmácias desabastecidas. A Associação Brasileira de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) não recebeu notificações das drogarias sobre uma possível falta de insulina. A rede Drogasil, que possui 3 mil farmácias em todo o Brasil, confirma que carece de estoques de insulinas NPH e Regular.
Situação global
Em junho de 2024, o laboratório Novo Nordisk alertou sobre a iminente escassez de insulina para a Farmácia Popular e redes farmacêuticas, citando desafios globais na cadeia de suprimentos.
Histórico de desabastecimento no Brasil
Em 2023, o Brasil também enfrentou escassez de insulina no SUS, recorrendo a contratações diretas e licitações para insulinas análogas. O Ministério da Saúde recomenda a pacientes com receita médica para insulina e encontrem dificuldades em farmácias privadas ou no programa Farmácia Popular que busquem atendimento em uma Unidade Básica de Saúde.
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