Soldado chega a Israel e afirma: ‘Não volto mais para o Brasil’

O soldado israelense Yuval Vagdani, 21 anos, reservista das Forças de Defesa de Israel (FDI), retornou a Israel depois de fugir do Brasil, onde se tornou alvo de investigações da Justiça por acusações de crimes de guerra na Faixa de Gaza.

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Ao chegar, ele afirmou ao canal N12, segundo o The Jerusalem Post, que não deveria ter divulgado nas redes sociais algumas imagens dele em Gaza.

“Povo de Israel, eu não repetiria o que fiz [postar os vídeos de Gaza].” Mas ele garantiu que não retornará ao Brasil, depois de ter deixado o país por causa de investigação contra ele determinada pela Justiça.

“Não voltarei ao Brasil. Vai ficar tudo bem; isso não vai me quebrar.”

A denúncia foi apresentada pela Fundação Hind Rajab (HRF), que atribuiu a Vagdani a participação em demolições em massa durante operações militares.

A determinação à Polícia Federal (PF) foi expedida pela juíza federal Raquel Soares Chiarelli, em 30 de dezembro de 2024.

Na segunda-feira, 6, depois de analisar a adoção das medidas pertinentes, a PF solicitou que a Justiça reconsidere a ordem para investigar soldado israelense. O argumento é o de que, de acordo com a instituição, não há elementos para a instauração da investigação.

Além disso, o soldado já deixou o Brasil e a medida abriria precedente para criação de competência brasileira para investigar ação de estrangeiros fora do país.

Vagdani, sobrevivente do ataque terrorista ao festival Nova, em 7 de outubro, e ex-integrante do Batalhão Tzabar da Brigada Givati, estava viajando pelo Brasil com amigos quando foi alertado pelo consulado israelense sobre a ordem judicial.

O grupo, que estava de férias, rapidamente deixou o país, rumo à Argentina e, posteriormente, para Miami, com apoio do Ministério das Relações Exteriores de Israel.

Pai de amigo do soldado

A Embaixada de Israel no Brasil declarou que deu assistência ao grupo, mas que a decisão de deixar o Brasil partiu de Vagdani e seus amigos.

Na entrevista, Vagdani explicou por que não voltará ao Brasil. “Não esquecerei a experiência difícil pela qual passei, mas isso não me quebrará. Sou forte”, afirmou. Ele também expressou esperança de que outros soldados aprendam com sua experiência.

A HRF apresentou um relatório de 500 páginas à Justiça brasileira, acusando Vagdani de ter participado da destruição de casas e meios de subsistência de civis palestinos.

A advogada Maira Pinheiro, da HRF, disse que “as ações de Vagdani se alinham a objetivos genocidas em Gaza”. As acusações foram fundamentadas em postagens feitas por ele nas redes sociais.

Leia mais: “Investigação de soldado israelense no Brasil não tem lastro jurídico”

Para a advogada Tamara Segal, o pedido de investigação não tem consistência jurídica.

“A Justiça brasileira não tem competência para julgar supostos crimes de guerra praticados por país estrangeiro no exterior. Isto cabe as cortes internacionais”, afirmou ela, entre outros argumentos.

O pai de um dos amigos que acompanhavam Vagdani recomendou a fuga imediata: “Disse a eles para fugirem imediatamente”, declarou à imprensa local, segundo o Post. “Às 5h da manhã, recebemos a mensagem de que haviam cruzado a fronteira com segurança.”

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