Problema do governo Lula não é a comunicação, diz Folha

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começou o que pode vir a ser uma reforma ministerial pela área da comunicação. É o que afirma o jornal Folha de S.Paulo em editorial desta quinta-feira, 9.

Paulo Pimenta, um político petista, deixa a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) e quem assume o posto é o marqueteiro Sidônio Palmeira.

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Por trás da troca está a tese disseminada em gabinetes de Brasília segundo a qual o governo se comunica mal — um lugar-comum do exercício do poder que raramente se pode sustentar.

“Em geral cercados por auxiliares pouco dispostos a contrariar o chefe, governantes sempre tendem a acreditar que estão fazendo um bom trabalho, preferindo os fatos e números favoráveis e deixando de lado os demais”, afirma a Folha.

O jornal diz ainda que, se a avaliação popular não acompanha o juízo que o mandatário faz de si mesmo, uma reação frequente é concluir que o governo falha em divulgar suas realizações — não em gerir o país.

“No caso de Lula, chama a atenção que o desempenho da economia e do emprego nos últimos dois anos […] não se traduza em índices mais robustos de popularidade”, avalia o veículo. “Isso não é tão paradoxal assim, porém.”

O eleitorado costuma avaliar governos a partir de uma combinação subjetiva de percepções e expectativas, na qual o bem-estar material sem dúvida tem grande peso.

Mas, segundo o jornal, “números positivos” no PIB e no mercado de trabalho nem sempre se refletem na vivência cotidiana de todos, ou podem ser ofuscados por dissabores como a alta da inflação, fora inúmeros fatores não econômicos.

“Um bom marqueteiro até pode conseguir, momentaneamente, valorizar as boas notícias e suavizar as más, mas não se deve esperar que seja capaz de mudar substancialmente a opinião pública”, opina a Folha.

Índices de popularidade de Lula estão estagnados

Os índices de popularidade do governo Lula pouco mudaram desde o início de seu terceiro mandato. Segundo o Datafolha, ele tem hoje 35% de aprovação e 34% de reprovação; em seu o melhor momento, foi considerado ótimo ou bom por 38%.

“A avaliação, portanto, não sofreu grande impacto de indicadores econômicos favoráveis”, diz o jornal. “Isso deve tirar o sono do presidente da República e de seus aliados, já que, daqui para a frente, o cenário deverá ser menos benigno.”

A alta do dólar e dos juros, para a qual o petista contribuiu, projeta maior risco inflacionário e um crescimento econômico menor. “Enfrentar o desajuste orçamentário, que está na raiz da turbulência financeira, exige providências que contrariam a base petista”, acrescenta o texto.

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A conjuntura internacional também piorou substancialmente. Dentro de alguns dias haverá a posse de Donald Trump nos Estados Unidos, cercada por temores de tarifas de importação e juros mais altos.

Ainda pelo Datafolha, 61% dos brasileiros consideram que a economia está no rumo errado — má notícia para um governo que ainda não firmou marcas em outros setores. “Uma reforma ministerial faria melhor, nesse contexto, em mirar eficiência gerencial e maior sustentação no Congresso”, conclui a Folha.

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