Keith Jarrett, hoje com 78 anos, se tornou símbolo de um jazz cerebral, elitista, intelectualizado demais. Aos 5 anos de idade ele já se apresentava em público. Tocava jazz e música clássica com a mesma facilidade. Seu disco mais representativo está completando 50 anos esta semana. O curador do National Museum of American History John Edward Hasse, lembrou esse momento único num artigo para o Wall Street Journal.
Em 24 de janeiro de 1975, Jarrett era um jovem de 28 anos com um concerto agendado em Colonia, na Alemanha. Ele viajou desde a Suíça de carro, estava há dois dias sem dormir direito, e quando chegou ao Opera House onde seu concerto estava marcado para as 23 horas, descobriu que iria ter que tocar num piano inferior, ainda por cima desafinado. Ao saber que os 1.400 assentos do teatro estavam vendidos, não teve escolha e topou se apresentar nessas condições.
Keith Jarrett tocou por mais de uma hora seguida, improvisando o que saía de sua cabeça, numa versão musical do que conhecemos como “fluxo de consciência”. Segundo Hasse, sua performance mistura “inflexões de gospel e blues, harmonias semelhantes às de Debussy, efeitos de harpa, contrastes rítmicos e repetições sutilmente mutáveis”.
A gravação do concerto passou por um tratamento acústico para atenuar os defeitos e foi lançado pela gravadora ECM. O álbum The Köln Concert vendeu quatro milhões de cópias, um fato raro no mercado do jazz, especialmente se tratando de música tão experimental. Ninguém conseguiu definir o estilo de sua música. Alguns acham que é jazz, outros que é música clássica. Outra corrente diz que Jarrett “inventou” em 1975 o gênero new age – que os jazzistas costumam desprezar. Existe até quem defina o The Köln Concert, com seu som hipnótico, como “o disco perfeito para fazer uma pessoa dormir”. Você pode julgar:
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