A dimensão das queimadas no Brasil em 2024 foi catastrófica. Conforme os dados do relatório MapBiomas, 30,8 milhões de hectares foram destruídos pelo fogo, um aumento de quase 80% em relação a 2023. Essa foi a maior devastação registrada por queimadas desde 2019.
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Em seu editorial de opinião desta quinta-feira, 23, o jornal O Globo enfatiza que o fracasso no combate ao fogo não pode ser atribuído exclusivamente às condições climáticas adversas, como o El Niño e a seca. Embora tais fatores tornem a vegetação mais suscetível às chamas, o texto aponta a “inércia do governo Luiz Inácio Lula da Silva” em adotar medidas preventivas e reativas eficazes.
Os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) são alarmantes: 278.299 focos de incêndio foram registrados em 2024, o maior número desde 2010, com um aumento de 46,5% em relação ao ano anterior.
Quando o governo Lula decidiu de mobilizar diante das queimadas
Mesmo diante de todo esse cenário devastador, a reação governamental foi classificada como tardia e insuficiente. De acordo com o texto, apenas quando a fumaça chegou a Brasília iniciou-se uma mobilização significativa por parte do governo. Ali, houve a formação de forças-tarefas e a mobilização de brigadistas.
O Globo destaca ainda a ironia em torno da postura ambientalista defendida pelo governo Lula, que, quando na oposição, criticava veementemente a gestão Bolsonaro pela “leniência com as queimadas”. O jornal ressalta que “esperava-se mais de um governo eleito empunhando bandeiras ambientalistas”, mas o que se viu foram respostas pontuais, enquanto as queimadas se alastravam com intensidade.
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Além disso, o editorial alerta para o risco de as chuvas deste verão relegarem o problema a um segundo plano, uma atitude perigosa diante das mudanças climáticas globais, que exigem estratégias de enfrentamento constantes e estruturais.
Como ressalta Ane Alencar, coordenadora do MapBiomas Fogo, “é preciso haver maior controle e transparência dos governos estaduais e federal sobre o uso das terras e licenciamento para uso do fogo pela agropecuária”.
Um alerta para o Brasil
O editorial expõe a necessidade de políticas públicas mais robustas e integradas para combater as queimadas. Para o jornal, a devastação, comparável ao tamanho do território da Itália, não pode ser encarada como um dado isolado, mas como um alerta de que o Brasil está falhando em proteger seus recursos naturais e sua população dos impactos do fogo.
“Não se deveria esperar o país ser assolado pelas chamas e pela fumaça para tomar providências”, alertou O Globo. “As chuvas deste verão podem ter deixado o problema em segundo plano. Mas as mudanças climáticas são inclementes. Não se pode contar só com a água que cai do céu para enfrentar as queimadas”.
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