Carne podre das enchentes do RS deu lucro superior a 1.000% à empresa responsável pela venda

A empresa do Rio de Janeiro suspeita de maquiar carnes impróprias para consumo — pois ficaram submersas por dias na enchente do Rio Grande do Sul — comprava o alimento estragado por cerca de R$ 0,97 o quilo, de acordo com as investigações da Polícia Civil.

Dessa forma, o lucro da operação superava 1.000%, conforme revelou o delegado Wellington Pereira Vieira, da Delegacia do Consumidor (Decon), em entrevista à emissora CNN Brasil. 

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As notas fiscais apreendidas pela polícia revelavam que o valor total da carne boa estava estimado em R$ 5 milhões. No entanto, o grupo comprou 800 toneladas do produto estragado por aproximadamente R$ 80 mil e o revendeu para outras empresas. 


Mais de 30 carretas saíram do Rio Grande do Sul com a carne estragada rumo a diversos destinos no Brasil. Uma das compradoras identificadas pela polícia, a Frigodias, localizada em Contagem (MG), adquiriu 15 toneladas de carne imprópria para consumo.

Além disso, as investigações revelam que a empresa do Rio de Janeiro também lucrava com a venda da carne estragada para mercados da região. A polícia identificou peças podres de picanha de 900 gramas que estavam sendo comercializadas na capital fluminense. 

A polícia ainda apura uma nova extensão do esquema, que envolve empresas de seguros. As evidências sugerem que essas seguradoras acionavam frigoríficos em casos de acidentes em estradas cuja carga fosse carne. 

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Equipes da Polícia Civil do RJ em Três Rios, durante operação que apreendeu carne que ficou submersa no RS | Foto: Reprodução

As seguradoras, responsáveis pela limpeza das vias, contratavam terceiros para retirar a carga. Esses terceirizados, então, aproveitavam para comprar a carne, já imprópria para consumo, por valores muito abaixo dos de mercado

Polícia do Rio de Janeiro prende envolvidos no esquema de carne estragada 

Em uma operação na última quarta-feira, 22, a Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu quatro pessoas envolvidas na venda de carne estragada. Os policiais do Decon cumpriram oito mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos investigados, em Três Rios, município da região centro-sul fluminense. 

A operação aconteceu em conjunto com a Delegacia do Consumidor do Rio Grande do Sul, que investiga o caso desde maio. Os sócios da empresa investigada compraram 800 toneladas de cortes nobres de carne bovina estragada na enchente. 


“Aquela deterioração provocada pela lama, pela água, que ficaram acumuladas no frigorífico e em toda cidade da capital gaúcha, deixou alguns efeitos deletérios”, explicou o delegado Wellington Pereira Vieira. “Esses efeitos foram retirados, como eu disse, maquiados, para fazer a revenda.”

A empresa alega que a intenção da compra da carne era o uso para a fabricação de ração animal.

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