Governo Lula adia indefinidamente licitação para compra de blindados de Israel

O governo Lula adiou indefinidamente a compra de 36 veículos blindados de uma empresa de Israel. O contrato, no valor de R$ 1 bilhão, é ponto de conflito entre o ministro da Defesa, José Múcio, e o assessor especial do governo para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, há nove meses. 

A israelense Elbit Systems venceu a licitação em abril. Desde então, Amorim tenta convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a não fechar o negócio, que inclui a compra veículos armados com obuses de longo alcance e alta precisão. A assinatura do contrato, inicialmente prevista para 7 de maio, ainda não ocorreu.

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Amorim se opõe à compra de equipamentos militares de Israel, dado o histórico de críticas de Lula à ação militar israelense na Faixa de Gaza. Para o assessor, o negócio poderia financiar as ofensivas. Múcio, por sua vez, já declarou que essa resistência à compra dos blindados é ideológica. Ele recuou do discurso depois que Lula rejeitou sua proposta alternativa de adquirir apenas uma parte do equipamento.

Em dezembro, o Exército adiou a decisão por mais seis meses, conforme informado pela revista Veja. De acordo com o jornal O Globo, fontes das Forças Armadas ainda acreditam que, com a possibilidade de um cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hamas, o contrato pode ser firmado futuramente. 

“Se o cenário geopolítico melhorar, quem sabe o negócio ainda possa ser fechado”, disse uma fonte a par das discussões com a Defesa.

Amorim rejeita qualquer acordo que envolva Israel

Um dos obstáculos para a conclusão do negócio é a impossibilidade de desclassificar a vencedora da licitação, pois há obrigações legais que dificultam essa medida. Em setembro, uma empresa francesa alegou irregularidades na licitação

No mesmo mês, o Tribunal de Contas da União (TCU) esclareceu que não há restrições legais para a celebração de contratos com empresas de países em conflito armado. Ainda assim, a perspectiva no primeiro escalão do governo é de que a decisão sobre a compra deixou de ser técnica e passou a ser política. 

Por isso, segundo o Globo, Múcio desistiu de tentar convencer o presidente. Como definiu um auxiliar de Lula, “quem vai dar a última palavra é a diplomacia”.

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Para Celso Amorim, não faz sentido o Brasil fechar negócio com um país que criticou seu líder político | Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

A oposição de Amorim também se relaciona com uma declaração do então ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, que em fevereiro passado declarou Lula persona non grata em Israel, depois que o presidente comparou a ofensiva israelense contra o Hamas ao regime nazista durante a Segunda Guerra Mundial. 

Lula disse que o que “está acontecendo na Faixa de Gaza não existe em nenhum outro momento histórico” e equiparou a ofensiva israelense a quando Hitler resolveu matar os judeus. Como resposta, Katz exigiu desculpas públicas do presidente brasileiro, uma posição que Amorim considera um obstáculo adicional.

“Não perdoaremos e não esqueceremos”, disse o ministro israelense em publicação no Twitter/X. Em novembro, Katz assumiu o Ministério da Defesa do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Amorim, principal conselheiro de Lula em questões externas, rejeita qualquer acordo com Israel, um país que ele considera ter ofendido Lula. Ele não se pronunciou quando procurado pelo Globo sobre o assunto.

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