A alta da inflação nos últimos meses no Brasil deverá levar a economia do país a um longo período de juros altos. Na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), nesta quarta-feira, 30, a taxa Selic terá um aumento de 1%, segundo a maioria dos especialistas. Será a primeira reunião do órgão sob o comando do novo presidente do BC, Gabriel Galípolo.
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“Antecipamos uma alta de 1 ponto percentual na taxa Selic esta semana (para 13,25%) e a sinalização de aumento semelhante para a reunião de março”, informa o relatório XP Research desta terça-feira, 28.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2024 foi de 4,83% e ultrapassou o teto da meta definido pelo BC.
O setor de alimentação foi o que teve a maior alta dos preços. Neste mês de janeiro, há uma expectativa de que a inflação tenha uma desaceleração em função de redução das tarifas de energia da usina de Itaipu.
No entanto, a alta do dólar, intensa nos últimos meses, terá um forte impacto ainda nos meses seguintes. Espera-se, para breve, uma nova alta no preço dos combustíveis. Na visão do mercado, todo este cenário foi fortemente influenciado pelo pacote de corte de gastos anunciado no fim de novembro último.
Alguns fatores, como o anúncio da ampliação da faixa de isenção de Imposto de Renda para a faixa que recebe até R$ 5 mil por mês, aceleraram as desconfianças do mercado em relação aos cortes. Tal situação gerou expectativa de afastamento de investidores. E por conseguinte a alta do dólar que, em dezembro, chegou a R$ 6,20.
É verdade que os investimentos diretos no país ainda foram maiores em 2024 do que em 2023. A perspectiva futura, porém, é a de que eles tenham redução em meio a esse cenário de potencial aumento do dólar em relação ao real.
“O cenário ainda é de bastante incerteza porque o governo foi desastrado naquele anúncio do corte de gastos que na verdade virou aumento de despesas”, afirma a Oeste o economista Carlos Honorato, professor da FIA Business School. Então o mercado aumentou a desconfiança [em relação à política do governo]”.
Para ele, apesar de os problemas econômicos estruturais virem de outros governos, o atual precisa exercer uma política econômica cautelosa. E o corte dos gastos são essenciais. Desta maneira, ele também acredita em um período de alta dos juros.
“Não significa que a gente tem que obedecer e seguir exatamente o que o mercado quer mas nesse ponto de ajuste fiscal de controle de inflação de taxa de juros. é alguma coisa que precisa ser bastante cuidadosa.”
Inflação dos alimentos
Em 2024, a inflação de alimentos do Brasil foi a 4ª maior entre os principais países latino-americanos. O índice foi de 7,69%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A alta de alimentos e a de 9,71% da gasolina foram fundamentais para que a meta fosse quebrada. Também influenciaram na elevação dos preços a seca, as enchentes no Rio Grande do Sul e a alta do dólar. A cotação da moeda dos EUA subiu mais de 27% em 2024.
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“Todas as principais métricas relevantes estão rodando acima da meta de 3% [para a inflação em 2025]”, declara o relatório XP Research. “Nossa projeção de 6,1% para o IPCA de 2025 tem viés de alta.”
A consultoria ressalta que a conta corrente, cujos números foram divulgados na sexta-feira 24, registrou déficit de US$ 9 bilhões em dezembro. Isso gerou um déficit de US$ 55,9 bilhões em 2024 (-2,55% do PIB), mais que o dobro do registrado em 2023 (US$ 24,5 bilhões ou 1,1% do PIB).
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