Quase 1,5 milhão de pessoas receberam uma ordem de deportação nos Estados Unidos. Desse total, 38 mil são brasileiros, de acordo com dados do Serviço de Imigração norte-americano, referentes a novembro de 2024. As informações constam em um relatório do ICE (Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas).
O levantamento inclui apenas estrangeiros que não estão presos. O relatório considera indivíduos que infringiram leis imigratórias e já passaram pelo julgamento de pelo menos um juiz.
+ Leia mais notícias de Mundo em Oeste
Uma pesquisa do Pew Research Center, publicada em julho, indicou que, em 2022, cerca de 11 milhões de imigrantes estavam em situação irregular nos Estados Unidos. Dentro desse número, 230 mil haviam saído do Brasil. O crescimento foi significativo em comparação com a década anterior.
Cerca de dois milhões de brasileiros viviam nos Estados Unidos no ano passado
Segundo estimativas do Itamaraty, aproximadamente dois milhões de brasileiros viviam nos EUA no ano passado. O relatório, porém, não especifica a situação legal desses cidadãos. No ano anterior, 1,8 mil brasileiros foram deportados. Apesar da expulsão, ainda existem caminhos legais para um eventual retorno ao país.
O tema ganhou destaque na última sexta-feira, 24, quando um voo com 88 brasileiros deportados aterrissou em Manaus. Relatos apontaram que muitos desembarcaram algemados nos pés e nas mãos. Isso contrariaria o acordo estabelecido entre Washington e Brasília.
Integrantes da chancelaria brasileira argumentam que o acordo de deportação precisa ser revisado. O objetivo é garantir que os imigrantes não sejam mantidos algemados ao chegarem ao Brasil. Também pressionam os Estados Unidos a investigarem as denúncias de abusos cometidos durante as deportações.
No mesmo documento que aponta o número de brasileiros sob ordem de deportação, o ICE afirma que nem sempre consegue remover esses imigrantes imediatamente. Entre os principais motivos estão recursos jurídicos, pedidos de asilo e a proteção garantida pela Convenção Contra a Tortura. Esse tratado internacional da ONU foi adotado em 1984 e ratificado por vários países, incluindo o Brasil. Nesses casos, a deportação não pode ser executada.
EUA afirma que falta cooperação de alguns países para viabilizar as deportações
A agência norte-americana também menciona a falta de cooperação de alguns países para viabilizar as deportações. Cerca de 15 nações foram citadas como resistentes ao processo, mas o Brasil não está entre elas. No documento, o governo dos EUA reforça a necessidade de que os países confirmem a cidadania de seus nacionais, emitam documentos de viagem de forma ágil e aceitem o retorno dos deportados. O transporte deve ocorrer por voos comerciais ou fretados.
Donald Trump prometeu realizar a maior operação de deportação em massa da história. No entanto, especialistas acreditam que essa promessa dificilmente será cumprida. Além dos desafios logísticos, uma remoção em larga escala poderia trazer impactos significativos para a economia norte-americana.
O American Immigration Council, organização que defende os direitos de imigrantes, estimou que o custo para prender, manter sob custódia e deportar todas as 13,3 milhões de pessoas em situação irregular ou com status temporário revogável ultrapassaria US$ 315 bilhões (cerca de R$ 1,8 trilhão). Durante seu primeiro mandato, Trump deportou aproximadamente 1,5 milhão de imigrantes.
Atualmente, entre os países com maior número de cidadãos sob ordem de deportação nos Estados Unidos, Honduras lidera a lista com 261,6 mil pessoas. Em seguida, aparecem Guatemala, com 253,4 mil, México, com 252 mil, El Salvador, com 203,8 mil, Nicarágua, com 45,9 mil, e Cuba, com 42 mil. O Brasil ocupa a sétima posição, com 38,6 mil pessoas na mesma situação.
O post EUA têm 1,5 milhão sob ordem de deportação; pelo menos 38 mil são brasileiros apareceu primeiro em Revista Oeste.