O preço do café atingiu níveis históricos e deverá continuar elevado até, pelo menos, o fim do primeiro semestre de 2025. Esse cenário é consequência das condições climáticas adversas que afetaram as safras anteriores e da escassez de estoques na indústria.
Em 29 de janeiro, o café arábica alcançou seu maior valor nominal em quase cinco décadas, sendo cotado a US$ 3,6655 por libra-peso na ICE, principal referência mundial. Esse valor é mais que o dobro do registrado em outubro de 2023, quando o preço era de US$ 1,6935.
No Brasil, o efeito também foi significativo, com elevação do preço ao consumidor final em cerca de 40% em 2024. Em janeiro, o quilo do café torrado e moído custava R$ 29,62, enquanto em dezembro esse valor chegou a R$ 42,65, segundo dados da indústria.
Produção global de café
Para entender essa alta e por que continuará pressionando os preços em 2025, é necessário voltar no tempo. Em 2021, o Brasil, maior produtor mundial, sofreu uma severa geada, afetando suas principais regiões cafeeiras.
Desde então, condições climáticas desfavoráveis impactaram as colheitas no Brasil e em outros grandes produtores, como Vietnã, Colômbia e Indonésia. Essas nações juntas são responsáveis por mais de dois terços do fornecimento global. A produção sofreu com secas e chuvas excessivas.
Simultaneamente, o consumo global de café vem crescendo, principalmente na China, nas Filipinas, na Malásia, na Índia e no Vietnã, reduzindo os estoques mundiais. Esse aumento na demanda, perante uma produção insuficiente, elevou os preços a partir de outubro de 2023.
O Brasil, impulsionado pelos altos preços internacionais, ampliou suas exportações, estabelecendo um recorde em 2024 com 50,443 milhões de sacas, um aumento de 28,5% em relação a 2023.
Perspectivas para 2025
A previsão é que o café continue caro em 2025, com elevação do preço do café verde em mais de 100% e o do varejo, 40%. A indústria está repassando o aumento aos consumidores gradualmente. Pavel Cardoso, presidente da Abic, afirmou que o repasse continuará de forma responsável em fevereiro e março.
No campo, não há sinais de recuperação a curto prazo. A seca em regiões produtoras do Brasil em 2024 afetou a colheita deste ano. A Conab estima uma produção de 54,2 milhões de sacas em 2024, queda de 2% em relação ao ciclo anterior.
Para 2025, a previsão é de uma colheita ainda menor, com 51,8 milhões de sacas, uma redução de 4,4%. A OIC, ligada à ONU, informou que Vietnã e Colômbia podem melhorar suas colheitas.
Impactos nos produtores e no mercado
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Vanusia Nogueira, da OIC, disse: “Estamos aguardando para ver quanto eles vão produzir a mais e se isso vai suprir o déficit brasileiro”. A situação pode melhorar para os consumidores apenas no final do ano, se 2025 não enfrentar mais problemas climáticos.
Cardoso destacou que, “no segundo semestre, quando o mercado já tiver precificado as questões das chuvas e da colheita de 2025, possivelmente teremos um alívio e maior tranquilidade na volatilidade”.
Vanusia explicou que, mesmo com a melhora nas safras e alívio nas cotações globais, os preços não devem voltar aos níveis de 2023, quando a saca era vendida por cerca de R$ 800. Isso afetava a subsistência dos agricultores, já que a cafeicultura depende de pequenos proprietários.
“Os preços estavam muito baixos e não garantiam uma renda mínima para os produtores e suas famílias, além de não atrair novas gerações para a cafeicultura”, conclui Vanusia.
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