Antissemitismo traz prejuízos ao turismo no Brasil

Um estudo conduzido pelo vereador Flávio Valle (PSD), do Rio de Janeiro, mostra que o aumento do antissemitismo no Brasil, depois de 7 de outubro, tem afastado turistas israelenses. Tal situação impacta diretamente setores como hotelaria, alimentação e lazer.

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“O estudo busca justamente fazer esse vínculo, o antissemitismo se ampliou depois do início da guerra e a guerra é a maior prova do antissemitismo”, afirma Valle a Oeste.

A queda no fluxo de visitantes resulta em perdas milionárias para o Brasil e, em especial, para o Rio de Janeiro, constata a análise.

Dados da Embratur mostram que, em 2023, 26.063 israelenses visitaram o Brasil, sendo 5.669 no Rio de Janeiro. Em 2024, entre janeiro e novembro, os números despencaram para 14.516 no país e 3.073 na capital fluminense, representando quedas de 40% e 45%, respectivamente.

Os turistas israelenses são conhecidos pelo alto poder de consumo. O gasto médio individual no Brasil é de R$ 4.586,89. Em 2024, estima-se que os visitantes judeus-israelenses tenham movimentado R$ 54,47 milhões no país e R$ 10,57 milhões no Rio.

Caso o mesmo crescimento de 15% registrado em 2018 fosse aplicado a 2024, o total de turistas israelenses teria chegado a 30.024.

Considerando que 75% desse contingente são judeus, o país teria recebido 22.518 turistas judeus no último ano, em vez dos 11.877 estimados. Essa redução resultaria em uma perda de movimentação financeira no Brasil de R$ 48,8 milhões.

Projetado para uma década, de acordo com o levantamento, o custo do antissemitismo pode chegar a R$ 545 milhões para o Brasil e R$ 105 milhões para o Rio de Janeiro.

Origem judaica

De origem judaica, Valle, de 25 anos, é o vereador mais jovem da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, eleito em 2024. Uma de suas bandeiras na campanha foi o combate ao antissemitismo.

“Todos sabemos que o antissemitismo implica em prejuízos culturais, éticos e sociais, mas é difícil conscientizar a população acerca desses outros aspectos por meio de argumentos abstratos”, ressalta o vereador.

“A virtude do estudo, portanto, é que ao colocar um número no custo do antissemitismo criamos um indicador para analises futuras, além de oferecer uma nova perspectiva, uma dimensão diferente da tradicional, tornando a mensagem mais direta e de fácil compreensão.”

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A insegurança e episódios de intolerância, de acordo com o estudo, têm levado turistas judeus-israelenses a repensarem seus destinos.

O caso de Yuval Vagdani, soldado israelense que abandonou suas férias em Morro de São Paulo, na Bahia, depois de ser denunciado por uma organização da Bélgica, Hind Rajab Foundation (HRF), é um reflexo desse cenário.

Valle observa que não se pode afirmar que a queda esteja exclusivamente ligada ao aumento dos casos de antissemitismo.

Mas ressalta que “a grande repercussão de incidentes como o do soldado israelense deixa pouca margem para dúvidas de que os fenômenos são fortemente correlacionados.”

Na infância, Valle estudou no Colégio La Salle Abel, em Niterói (RJ). Não era um escola judaica. Mas desde criança, ele vivenciou a herança judaica por influência do avô Moisés e da mãe, Cláudia Valle.

Ouvia histórias, sentia orgulho de sua origem, mas o antissemitismo, para ele, era uma agonia que ecoava em um passado distante. Até que veio o ataque de 7 de outubro.

“Tive a clareza de que o antissemitismo voltou com força em todo mundo.”

O próprio vereador se considerou vítima de antissemitismo na última sexta-feira 24. O desenho de uma suástica foi feito no banheiro masculino do quinto andar da Câmara Municipal, onde está localizado o gabinete dele.

“Me senti hostilizado e ameaçado dentro da casa legislativa”, afirma. “Imediatamente encaminhei a situação para o departamento de segurança da casa e vou aguardar os desdobramentos mantendo meu compromisso de seguir combatendo o antissemitismo.”

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