Idosa de 103 anos tem pé amputado sem anestesia

Uma idosa de 103 anos teve o pé amputado sem anestesia no Distrito Federal. O procedimento, realizado em dezembro, ocorreu na casa da paciente. Uma enfermeira contratada pela família realizou a cirurgia.

A paciente, cujo nome não foi revelado, é cega e acamada. Ela já apresentava necrose no pé antes da amputação. O caso foi denunciado no começo de janeiro ao Instituto Eva, organização que apoia mulheres e idosos vulneráveis.

Investigação policial 

O Instituto Eva formalizou uma denúncia à Polícia Civil. A investigação é conduzida pela Delegacia Especializada em Crimes contra Pessoas Idosas ou com Deficiência (Decrin).

Depois do procedimento, a enfermeira e a família enfrentaram dificuldades para descartar o pé necrosado. A profissional informou, via aplicativo de mensagens, ter encontrado uma maneira de “desaparecer” com o membro em um hospital público do DF. Ela, contudo, não especificou a unidade hospitalar.

Conversas pelo WhatsApp mostram a tentativa da enfermeira de usar a infraestrutura do hospital onde trabalha para se livrar do membro, mas sem sucesso. Em uma das mensagens, ela afirma estar “tendo problema por causa do pé”. Em seguida, ela ri.

Veja as mensagens nas imagens abaixo.

Conversas pelo WhatsApp mostram a tentativa da enfermeira de usar a infraestrutura do hospital onde trabalha para se livrar do membro, mas sem sucesso | Foto: Reprodução/Redes sociais
Conversas pelo WhatsApp mostram a tentativa da enfermeira de usar a infraestrutura do hospital onde trabalha para se livrar do membro, mas sem sucesso | Foto: Reprodução/Redes sociais

A Polícia Civil informou que, ao saber do caso, na última segunda-feira, 27, orientou o denunciante a registrar a ocorrência formalmente. Isso permite que os agentes façam uma análise detalhada dos fatos desde o começo das investigações. A Decrin foi informada de que a vítima tinha uma ferida no pé, que evoluiu a ponto de necessitar de amputação.

A idosa teria passado por exames protocolares 

Embora houvesse indicação médica para amputação, a família optou por cuidados paliativos. Isso ocorreu em razão da idade avançada da idosa, o que poderia resultar em amputação natural. Em nota, a Polícia Civil afirma que “consultas preliminares com um perito médico-legista mostram que os procedimentos seguiram protocolos de cuidados paliativos”.

Desde 2023, a idosa está sob assistência contínua de uma equipe médica que a atende em casa. 

O Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren-DF) está ciente do caso. O órgão afirma que condena práticas que violam preceitos éticos e legais da enfermagem.

A entidade aguarda a conclusão da investigação policial para determinar o tipo específico de procedimento realizado.

Confira a nota da Polícia Civil na íntegra:

Na manhã da última segunda-feira, 27, a Decrin tomou conhecimento que uma idosa de 103 anos teve seu pé amputado em casa, em razão de necrose. Imediatamente, a Especializada orientou o denunciante a fazer o registro da ocorrência policial, sendo possível obter conhecimento mais detalhado dos fatos e iniciar as investigações. A Decrin foi informada que a vítima apresentava uma ferida no pé, que foi aumentando ao ponto de ter indicação médica para amputação. No entanto, em razão de sua idade, a família teria optado por tratar os ferimentos com cuidados paliativos, o que poderia chegar a uma amputação natural. Pelo apurado até agora, teria acontecido. Em consulta com um perito médico-legista da PCDF, especialista em geriatria e experiente em cuidados paliativos, verificou-se, preliminarmente, que os procedimentos não fogem, a princípio, ao protocolo de cuidados paliativos. É importante informar que a vítima está sendo acompanhada 24h por uma equipe médica e de enfermagem de Home Care desde 2023. O que, em tese, demonstra não estar sendo negligenciada nos cuidados médicos e pessoais. O caso é bastante delicado, exigindo o máximo respeito pela vítima que foi submetida a uma cirurgia e está internada na UTI. Foi instaurado o Inquérito Policial para apurar em que circunstâncias se deram esses fatos. As investigações correm em sigilo e, muitas diligências ainda precisam ser realizadas, como obtenção de informações técnicas, oitivas de várias pessoas e profissionais envolvidos, bem como a realização de exames periciais. Somente depois da análise de todas as provas apresentadas, a autoridade policial poderá dizer se houve ou não ilícito penal.

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