Em ata, Copom admite novo estouro da meta de inflação em junho

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) divulgou nesta terça-feira, 4, a ata da última reunião, na qual a autarquia decidiu subir a taxa básica de juros a 13,25% ao ano. O documento destaca que as expectativas de inflação aumentaram de forma significativa nos últimos meses.

O Copom também admitiu que, devido ao cenário adverso para inflação no curto prazo, as projeções no cenário de referência indicam o estouro da meta contínua do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em junho.

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“Foi destacado, na análise de curto prazo, que, em se concretizando as projeções do cenário de referência, a inflação acumulada em doze meses permanecerá acima do limite superior do intervalo de tolerância da meta nos próximos seis meses consecutivos”, alertou o BC.

“Desse modo, com a inflação de junho deste ano, configurar-se-ia descumprimento da meta sob a nova sistemática do regime de metas”, acrescentou.

A trajetória da inflação já ameaçava a gestão de Gabriel Galípolo a ter de se justificar por um eventual descumprimento da meta nos primeiros seis meses.

Com a mudança para o sistema de meta contínua de inflação a partir deste ano, o cumprimento da meta é apurado com base na inflação acumulada em 12 meses.

Se a taxa ficar acima ou abaixo do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, o Banco Central terá descumprido o alvo. A meta é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos.

A avaliação do colegiado é de que, no curto prazo, o cenário de inflação é adverso. “Os preços de alimentos se elevaram de forma significativa, em função, dentre outros fatores, da estiagem observada ao longo do ano e da elevação de preços de carnes, também afetada pelo ciclo do boi”, analisou o documento.

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“Esse aumento tende a se propagar para o médio prazo em virtude da presença de importantes mecanismos inerciais da economia brasileira”, continuou.

O comitê também ponderou que, em relação aos bens industrializados, o movimento recente do câmbio pressiona preços e margens e sugere maior aumento em tais componentes nos próximos meses.

“Por fim, a inflação de serviços, que tem maior inércia, segue acima do nível compatível com o cumprimento da meta em contexto de atividade dinâmica e acelerou nas observações mais recentes”, completou a ata.

Gabriel Galípolo é o novo presidente do Banco Central (BC) | Foto: Reprodução/Twitter/X
Gabriel Galípolo é o novo presidente do Banco Central (BC) | Foto: Reprodução/Twitter/X

Copom diz não enxergar desaceleração na atividade doméstica

O colegiado afirmou ainda que não vê sinais de desaceleração abrupta da atividade doméstica.

“O Comitê apontou, como risco em um ambiente de taxas contracionistas e de piora das condições financeiras, a possibilidade de uma desaceleração doméstica mais forte do que a esperada, que poderia gerar impactos desinflacionários ao longo do tempo”, escreveu.

“Por outro lado, foi reforçado, em tal debate, que o cenário-base já contempla uma desaceleração e que não há evidência, mesmo incipiente, de desaceleração abrupta”, continuou.

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O Copom destacou que uma desaceleração da economia já faz parte do seu cenário básico, e ponderou que dados mais recentes apontam para a possibilidade de moderação no crescimento da economia. No entanto, lembrou que é difícil tirar conclusões de números de alta frequência.

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