Em 2015, o empreendedor Edilson Osório fundou a OriginalMy, uma plataforma dedicada à certificação e à assinatura digital, com o objetivo de atender à demanda crescente por autenticação eletrônica segura.
No entanto, enfrentou resistência de cartórios brasileiros que o viam como concorrente no mercado de autenticidade de documentos. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, na terça-feira 4, ele disse que transferiu o projeto para o exterior.
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“O Colégio Notarial Brasileiro (CNB) me enxergou como competidor, e eles têm muita força de lobby”, afirmou ao Valor. “Eles mandavam gente da área jurídica para as minhas palestras para me avisar que eu não podia usar termos como ‘autenticação’, por exemplo, já que só os cartórios podem fazer esse tipo de serviço no Brasil.”
O CNB nega essa versão, ao afirmar que a Central Notarial de Autenticação Digital (Cenad) foi criada em 2013, antes da OriginalMy. Osório disse que o CNB desenvolveu o e-Notariado, um sistema que utiliza blockchain para registro de assinaturas, o que substitui seus serviços.
Entre 2017 e 2018, na Paraíba, Osório, em parceria com o Cartório Azevêdo Bastos, lançou uma ferramenta de autenticação digital remota. A iniciativa resultou em problemas legais, com o cartório acusado de autenticar documentos sem os originais.
Plataforma permitia autenticação digital
As acusações levaram à destituição do titular, Válber Azevêdo Bastos. Osório afirmou que a tecnologia desenvolvida permitia a autenticação digital, o que gerou uma economia de R$ 146 milhões anuais para 23 mil empresas clientes.
Em 2018, a OriginalMy enfrentou dificuldades com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ao tentar realizar uma Oferta Inicial de Token. A empresa recebeu uma notificação para responder sobre o token, mas atrasos na resposta resultaram em multas, pressionando ainda mais as operações de Osório.
Depois desses desafios no Brasil, Osório decidiu transferir sua empresa para a Estônia, um país com legislação favorável ao uso de blockchain. Hoje, a OriginalMy opera com seis funcionários em regime remoto, tendo certificado mais de 1,23 milhão de documentos, como fotos, músicas, documentos e e-mails.
A startup oferece o serviço PAC Digital, que valida uma variedade de documentos, e o PACWeb, que certifica conteúdos on-line, como prints de redes sociais. A empresa conta com 25,7 mil usuários, principalmente no Brasil, e destaca que, antes das últimas eleições, certificou 230 mil documentos via PACWeb.
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