A jogada de Alcolumbre com a Petrobras

Em texto publicado na Edição 255 da Revista Oeste, o articulista Carlo Cauti aborda os esforços do senador Davi Alcolumbre (União-AP), novo presidente do Senado, para impulsionar a extração de petróleo na costa do Amapá.

A exploração dessa área, defendida pelo parlamentar como uma oportunidade de desenvolvimento econômico, tem sido alvo de disputas políticas, resistência ambiental e um cenário econômico instável.

A principal motivação de Alcolumbre é garantir que seu Estado se beneficie financeiramente com a exploração de petróleo na região. “O senador já declarou em diversas oportunidades seu interesse em ver avançar o projeto na região”, destaca o artigo.

Para isso, ele tem articulado junto ao governo federal, o que inclui um encontro direto com o presidente Lula, para reforçar a importância dos royalties para o Amapá. Esse esforço, no entanto, esbarra na resistência de setores ambientais e na posição ambígua do governo.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, estimou que a emissão da licença ambiental “deveria sair ainda neste ano” e argumentou que a Petrobras cumpriu todas as exigências do Ibama. Já a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, alegou que a decisão sobre o licenciamento “seria uma questão apenas técnica”.

Petrobras patina na economia

A Petrobras, diretamente envolvida na exploração da Margem Equatorial, enfrenta um momento desafiador. Em 2024, a produção total da estatal caiu 3%, e as exportações de petróleo e derivados diminuíram 1%. O último trimestre do ano foi ainda mais problemático, com uma redução de 22% nas exportações.

Para tentar reverter esse cenário, a presidente da estatal, a engenheira civil Magda Chambriard, anunciou um plano estratégico ambicioso até 2028, que inclui aumento de 9% nos investimentos gerais e 17% no refino.

Estima-se que as potenciais reservas da Margem Equatorial como um todo possam conter de 10 bilhões a 30 bilhões de barris de Petróleo, o que inclui a Foz do Amazonas
Estima-se que as potenciais reservas da Margem Equatorial como um todo possam conter de 10 bilhões a 30 bilhões de barris de Petróleo, o que inclui a Foz do Amazonas | Reprodução/Petrobras

A missão dada pelo governo Lula à estatal é clara: “turbinar o Produto Interno Bruto do Brasil”. No entanto, a dependência de decisões políticas, como a exploração da Margem Equatorial, pode dificultar a concretização desses planos.

Apesar dos desafios operacionais e financeiros, um relatório do Bank of America mantém uma visão otimista sobre a Petrobras e argumenta que a estatal tem capacidade para superar sua meta de produção e gerar retorno positivo para acionistas no curto prazo.

Alcolumbre no fogo cruzado

A exploração de petróleo na Margem Equatorial não é apenas um tema econômico, mas também ambiental. O embate entre os interesses econômicos e a preservação ambiental ficou evidente na postura da ministra Marina Silva, que, apesar de sua responsabilidade direta no licenciamento, evitou se posicionar de forma clara sobre o tema.

Críticos defendem que a exploração pode representar riscos para os ecossistemas da região, como a Bacia da Foz do Amazonas, área sensível e rica em biodiversidade. Por outro lado, defensores do projeto, como Alcolumbre, alegam que a extração de petróleo poderia impulsionar a economia local e reduzir a dependência brasileira de importações de combustíveis.

Alcolumbre é alvo de diversas investigações sobre a destinação de recursos públicos por meio de emendas parlamentares | Foto: Saulo Cruz/Agência Senado
Alcolumbre é o novo presidente do Senado | Foto: Saulo Cruz/Agência Senado

A pressão de Alcolumbre pela exploração da Margem Equatorial reflete um embate clássico entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental. Enquanto investidores observam atentamente os desdobramentos, a Petrobras aguarda decisões regulatórias que podem impactar significativamente seus resultados.

Se o governo optar por liberar a exploração, enfrentará oposição de ambientalistas e possíveis repercussões internacionais. Caso a restrinja, terá que lidar com pressões políticas e econômicas vindas de aliados como Alcolumbre e do próprio setor de energia.

O artigo “A pressão de Alcolumbre para destravar a exploração de petróleo na Margem Equatorial” está disponível a todos os mais de 100 mil assinantes da Revista Oeste.

Revista Oeste

A Edição 253 da Revista Oeste vai além do texto de Carlo Cauti. A publicação digital conta com reportagens especiais e artigos de J. R. Guzzo, Ana Paula Henkel, Cristyan Costa, Rodrigo Constantino, Alexandre Garcia, Silvio Navarro, Anderson Scardoelli, Peter Suderman, Augusto Nunes, Adalberto Piotto, Ubiratan Jorge Iorio, Flávio Gordon, Dagomir Marquezi, Brendan O’Neill (da Spiked) e Daniela Giorno.

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