Em entrevista concedida nesta quinta-feira, 6, às rádios Metrópole e Sociedade, da Bahia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abordou o aumento recente do preço dos alimentos em todo o Brasil.
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Durante a conversa, Lula defendeu a ideia de que a alta nos preços não pode ser combatida com congelamento nem tabelamento, mas, sim, com diálogo com os setores produtivos e uma mudança na mentalidade do consumidor.
Para isso, o presidente destacou a necessidade de uma conscientização da população sobre o consumo. “Tem um processo educacional que nós vamos ter que fazer com o povo brasileiro”, afirmou, ao sugerir que a mudança de comportamento pode ser uma ferramenta para conter os preços.
Lula explicou que, ao perceberem um aumento abusivo nos supermercados, os consumidores deveriam evitar a compra de determinados produtos para forçar a redução dos preços. “Se você vai ao supermercado e desconfia que tal produto está caro, você não compra”, declarou.
“Se todo mundo tiver essa consciência e não comprar aquilo que ele acha que tá caro, quem está vendendo vai ter que baixar para vender, porque senão vai estragar”, segundo Lula. Para o petista, essa seria uma forma de equilibrar o mercado e evitar aumentos excessivos.
Lula associa alta dos preços de alimentos a ‘arapuca’ do Banco Central
Lula disse que a alta dos preços está ligada à valorização do dólar, fenômeno que atribuiu a um Banco Central “totalmente irresponsável”. O petista afirmou que a instituição armou uma “arapuca” durante a administração de Roberto Campos Neto.
“O problema é o seguinte: tivemos um aumento do dólar porque a gente teve um Banco Central totalmente irresponsável, que deixou uma arapuca que a gente não pode desmontar de uma hora para a outra”, disse Lula. “Não se pode dar um cavalo de pau no Brasil.”
Em dezembro, ainda sob gestão de Campos Neto, o BC antecipou que seria necessário aumentar a taxa básica de juros, a Selic, na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de 2025.
![galípolo e lula](https://medias.revistaoeste.com/wp-content/uploads/2024/12/galipolo-e-lula.jpg)
Na primeira reunião do Copom, já sob liderança da Gabriel Galípolo — indicado de Lula —, o comitê decidiu aumentar a taxa de juros em 1 ponto porcentual, como previsto na reunião anterior. Porém, Galípolo participou dos encontros anteriores, e as decisões não dependem, necessariamente, de previsões do último Copom.
Além disso, Lula ressaltou a maior demanda por produtos brasileiros no mercado internacional. Segundo ele, “o Brasil virou verdadeiramente o celeiro do mundo”, e isso fez com que muitos alimentos fossem direcionados para exportação, o que acabou por reduzir a oferta interna e elevar os preços.
Para enfrentar essa situação, o governo tem buscado alternativas por meio do diálogo com empresários e representantes dos setores produtivos. “Semana que vem vou ter uma reunião com os produtores de carne, depois com os produtores de arroz”, disse.
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