Pela primeira vez em muitos anos, nenhum representante do alto escalão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou presença na programação do Show Rural, em Cascavel (PR). O evento, considerado um dos maiores do agronegócio brasileiro, movimenta bilhões de reais e deve receber cerca de 400 mil visitantes até sexta-feira 14.
Diferentemente de edições anteriores, que tiveram a presença dos ministros da Agricultura e do Desenvolvimento Social, além da presidência do Banco do Brasil, em 2025, apenas diretores e superintendentes constam na agenda oficial.
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O governo Lula não explicou por que não designou ministros para a feira, que marca a abertura da temporada dos grandes eventos agropecuários do país.
Nos bastidores, segundo apurou o jornal Gazeta do Povo, comenta-se que a gestão de Lula quer evitar embates com líderes do setor produtivo, que devem reivindicar medidas para fortalecer o segmento e impulsionar a economia.
No topo da lista, estão reclamações quanto à defesa do agro brasileiro fora do país depois de episódios que envolveram impasses comerciais externos, como a crise desencadeada por declarações do CEO do Carrefour.
Para líderes do setor produtivo, falta conhecimento governamental sobre o segmento, além de uma melhor comunicação institucional direcionada ao mercado externo.
Outro ponto de preocupação é o impacto das taxas de juros, que devem afetar ainda mais o setor no próximo ciclo produtivo. O Plano Safra 2025/26 será anunciado no meio do ano, e a incerteza sobre as condições de financiamento tem gerado apreensão entre produtores.
Diante desse cenário, ao contrário do que ocorreu em anos anteriores, a organização do Show Rural não divulgou uma estimativa de negócios fechados durante a feira.
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Em 2023, o governo federal já enfrentou um desentendimento com outro grande evento do setor, a Agrishow, realizada em Ribeirão Preto (SP). O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, cancelou sua participação ao saber que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estaria na abertura.
Em seguida, o governo ameaçou cortar o patrocínio do Banco do Brasil para a feira. Dias depois, Lula classificou os organizadores do evento como “fascistas e negacionistas”.
Representantes do governo Lula foram convidados para o evento
O presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, responsável pelo Show Rural, afirmou à Gazeta do Povo que ministros e autoridades de alto escalão foram convidados para o evento. Ele ainda espera que algum representante compareça até o encerramento da feira.
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O deputado Zeca Dirceu (PT-PR), que visitou o evento na segunda-feira 10, afirmou ao veículo que a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, pode comparecer. Ele também tenta articular a presença do ministro Carlos Fávaro.
Dirceu alegou que Fávaro havia confirmado presença, mas cancelou devido a problemas de agenda. “Inclusive eu pegaria uma carona com ele [para retornar a Brasília] e tive de comprar passagem aérea de última hora, porque o ministro teve uma dificuldade de agenda”, afirmou.
Ele também destacou que, caso a presidente do Banco do Brasil compareça, isso já representaria um gesto significativo do governo, já que a instituição é responsável pelo crédito agrícola via Plano Safra. No entanto, o nome dela ainda não consta na programação oficial.
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