Núcleo da Terra pode estar mudando de formato, defende estudo

Um estudo publicado na revista Nature Geoscience na última segunda-feira, 10, revelou que o núcleo da Terra pode estar passando por mudanças em sua forma e rotação em uma escala de tempo muito menor do que se imaginava.

A pesquisa, conduzida por uma equipe internacional de geofísicos, sugere que o núcleo sólido do planeta não apenas varia sua velocidade de rotação ao longo de décadas, mas também sofre deformações estruturais sutis por causa de forças exercidas pelo manto e pelo núcleo externo.

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O núcleo interno da Terra é composto principalmente de ferro sólido e está cercado pelo núcleo externo líquido, que se move e gera o campo magnético do planeta. Há anos, cientistas sabem que o núcleo interno não gira exatamente na mesma velocidade que o restante do planeta, mas o novo estudo confirma que essas mudanças não ocorrem de maneira constante.

“Os dados analisados mostram que o núcleo interno girou mais rápido que o restante da Terra durante parte das últimas décadas, mas depois desacelerou e pode até estar girando para o outro lado”, afirma o grupo de pesquisadores, liderado pelo sismólogo norte-americano John E. Vidale, da University of Southern California.

Para chegar a essa conclusão, a equipe analisou ondas sísmicas geradas por terremotos que atravessaram o núcleo interno em diferentes períodos e comparou com os registros obtidos desde o ano de 1991.

Os cientistas se concentraram em sinais sísmicos registrados por estações no Alasca e no Canadá, provenientes de terremotos recorrentes nas Ilhas Sandwich do Sul, uma região próxima à Antártica onde eventos sísmicos similares ocorrem repetidamente.

Formato do núcleo da Terra varia, dizem cientistas

Os resultados sugerem que o núcleo interno teve períodos de maior rotação e outros de desaceleração ao longo dos últimos 30 anos. Em certos momentos, o núcleo pareceu “voltar” para uma posição anterior, o que sugere um movimento oscilatório.

“As variações temporais das ondas sísmicas indicam que a rotação do núcleo interno não é constante, e pode estar ligada a processos dinâmicos do manto e do núcleo externo”, detalha o artigo.

John Vidale é sismólogo nos Estados Unidos | Foto: Dornsife.USC/Divulgação
John Vidale é sismólogo nos Estados Unidos | Foto: Dornsife.USC/Divulgação

Além disso, os pesquisadores descobriram que não apenas a rotação do núcleo interno muda, mas também sua superfície sofre alterações estruturais. “Observamos mudanças nas ondas que atravessam camadas próximas à fronteira do núcleo interno, sugerindo deformações em sua estrutura ao longo do tempo”, destacam os cientistas.

Essas modificações podem ser explicadas por forças gravitacionais exercidas pelo manto terrestre e por movimentos do núcleo externo líquido. O estudo também resolve um antigo debate entre geofísicos sobre se as variações detectadas nas ondas sísmicas eram causadas apenas pela rotação do núcleo ou por mudanças em sua forma.

A nova pesquisa sugere que ambas as hipóteses são verdadeiras. “Identificamos evidências de que o núcleo interno não apenas gira de forma variável, mas também passa por mudanças estruturais periódicas”, concluem os pesquisadores.

Como o núcleo interno desempenha um papel fundamental na geração do campo magnético terrestre, suas variações podem influenciar a proteção do planeta contra ventos solares e outras formas de radiação cósmica.

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