Em editorial publicado nesta sexta-feira, 14, o jornal O Estado de S. Paulo classificou a ofensiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra o Ibama como uma derrota ao Brasil. Na última quarta-feira, 12, o petista deflagrou uma crise contra o instituto ao criticá-lo pela demora na concessão da licença para pesquisa sobre petróleo na Margem Equatorial.
Em entrevista a uma rádio do Amapá, Lula afirmou que o governo deseja a autorização. “Se depois vamos explorar, é outra discussão”, disse. “O que não dá é ficar nesse lenga-lenga. O Ibama é um órgão do governo, parecendo que é um órgão contra o governo.”
O Estadão avaliou que a “cotovelada pública” do presidente, “correta no conteúdo, imprudente e grosseira na forma”, escancarou o grau de impaciência do governo.
“Nessa matéria, sobram desacertos por todos os lados”, opinou o jornal. “Todos vêm errando – Lula, o Ibama (incluindo o presidente do órgão, Rodrigo Agostinho, e seus técnicos), a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o PT. São eles os protagonistas de um enredo que há muito deixou de ser um embate técnico-ambiental para se tornar uma questão essencialmente política.”
Estadão aponta erros de Lula, Ibama e PT
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A publicação começa por apontar os erros de Lula. “Que o falante Lula tem pouco apreço pelos rituais da gestão pública já se sabe, mas não passou despercebido seu desaforo contra um órgão do governo e servidores de Estado que, no limite, são independentes para emitir livremente seu parecer”, escreveu.
Na sequência, o Estadão informa que a Petrobras já cumpriu todas as exigências apontadas pelo Ibama para que a concessão da licença ocorresse.
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“Não é compreensível o fato de a Petrobras esperar 12 espantosos anos para saber se tem o direito de constatar a existência de petróleo na região”, opina. “Trata-se de tempo longo demais para ser definido como lentidão, e ilógico, a ponto de ser visto como má vontade do Ibama.”
Possível guerra por cargos
![Gleisi Hoffmann, presidente do PT: justificativas pela reprovação pública e críticas de internautas em seu próprio perfil no Twitter/X | Foto: Divulgação/PT](https://medias.revistaoeste.com/wp-content/uploads/2024/12/Gleisi-3.jpeg)
Por fim, o Estadão analisa a situação sob o aspecto de uma disputa pelo cargo de Rodrigo Agostinho, o qual classifica como “objeto de desejo da caciquia petista”.
“O PT vê o Ibama como possível destino para abrigar o atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo”, informa. “A mudança é providencial para abrir espaço para a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, ocupar a pasta. Isso explicaria em parte a artilharia palaciana contra o Ibama.”
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O jornal conclui que esta é a tempestade perfeita. “Um órgão que, com boa dose de contaminação ideológica, protela em demasia uma decisão; uma ministra e um presidente que deixaram a novela se estender para além do razoável; e um partido de olho num cargo que passa a ser o bode expiatório de Lula para justificar a própria inércia”, explica. “E enquanto todos erram, o Brasil perde tempo e oportunidade.”
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