Ex-testemunhas de Jeová realizam protesto contra líder da religião em São Paulo

Ex-testemunhas de Jeová realizam um protesto em Cesário Lange (SP) na tarde deste sábado, 15. A manifestação é uma resposta à visita de Robert Ciranko, líder global da igreja, que está no Brasil para compromissos institucionais, incluindo discussões sobre a diminuição do número de adeptos desde 2020.

O protesto começou às 8h na cidade-sede da religião Betel no país, onde o líder também está hospedado. Ex-membros organizaram o ato para denunciar casos de pedofilia, discriminação contra quem deixa a igreja e a proibição de transfusões de sangue, mesmo em emergências.

Cerca de 50 dissidentes, que perderam contato com parentes ainda fiéis, participarão. Eles querem acabar com a proibição de convivência com ex-membros para reconstruir laços familiares e sociais.

O grupo também busca eliminar a exigência de duas testemunhas para que a igreja investigue casos de pedofilia. A medida, segundo os ex-fiéis, tem deixado um sem-número de estupradores e de pedófilos impunes.

Relatos de ex-testemunhas de Jeová

O ato está sendo organizado e será conduzido, no sábado, por Yann Rodrigues, ex-Testemunha de Jeová. O profissional liberal foi expulso da própria casa, aos 15 anos, quando se desvinculou da religião.

Desde 2024, lidera o Movimento de Ajuda às Vítimas das Testemunhas de Jeová (MAV-TJ), voltado para quem se sente lesado pela Igreja, por sua pregação, suas doutrinas e seus membros.

“Muitas Testemunhas de Jeová dizem que não orientam ninguém a perder laços familiares, já que a escolha em seguir ou não a religião é assunto pessoal. Só que, na prática, não é isso o que acontece”, relata Rodrigues. “O próprio líder da doutrina [Robert Ciranko] reforça a ideia de que fiéis devem recusar contato com ex-membros; que não devem se sentar na mesma mesa – isso tudo ‘em nome de Jeová’.”

Segundo Rodrigues, apenas a revogação total dessa orientação, incluindo nos canais oficiais da igreja, permitirá que ex-membros voltem a conviver com seus familiares que ainda seguem as Testemunhas de Jeová.

“Essa ideia ultrapassada divide famílias em todo o Brasil, atingindo diferentes camadas sociais. Para se ter noção, há casos em que pessoas precisam registrar Boletim de Ocorrência para comprovar o abandono por parte de pais ou filhos”, explica.

Ele critica a regra da igreja, que só permite a reintegração familiar se o ex-membro retornar à fé. “É quase uma ditadura, uma imposição em pleno 2024”, lamenta.

Danos físicos e psicólogicos

A rejeição leva muitos ex-membros da congregação a buscar reparação na Justiça e apoio psicológico. O isolamento imposto por algumas famílias causa ansiedade, pânico e medo, sentimentos que se intensificam em datas festivas e encontros familiares.

“Trata-se de uma dor irreparável”, acrescentou. “Desejamos que Ciranko se solidarize com nossa dor e revogue esta medida que afeta a saúde mental de todos nós. Somos vítimas deste sistema doentio e retrógrado.”

Os dissidentes da Testemunhas de Jeová também querem derrubar o que a denominação chama de “Doutrina de Sangue” – medida que impede que fiéis praticantes recebam transfusão, mesmo em caso de risco de vida.

De acordo com Rodrigues, há testemunhos terríveis quanto à prática, que já teria vitimado 80 mil crentes apenas no Brasil. O número considera, inclusive, crianças.

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