Depois de uma investigação que durou quase três anos, a Polícia Federal (PF) revelou uma relação entre membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) e empresários do funk no Brasil. O jornal O Estado de S. Paulo divulgou a informação nesta segunda-feira, 24.
A operação começou depois que um agente federal ouviu uma conversa suspeita em uma padaria no Alto de Pinheiros, em São Paulo. Durante o encontro, o comerciante Bruno Amorim de Souza mencionou que estava “fazendo umas fitas do progresso”, expressão ligada ao tráfico de drogas pelo PCC, conforme identificado pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO).
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Segundo o Estadão, o relatório do inquérito aponta Gratuliano de Sousa Lira, conhecido como Quadrado, Moisés Teixeira da Silva, apelidado de Careca ou Tatuzão, e Márcio Geraldo Alves Ferreira, chamado de Buda, como sócios do comerciante Souza.
Buda, que possui uma extensa ficha criminal, está preso na Penitenciária de Presidente Venceslau 2, conhecida por isolar líderes do PCC. Ronaldo Pereira Costa, preso em 2021, também é mencionado como participante das execuções de Rogério Jeremias de Simone e Fabiano Alves de Souza, líderes do PCC mortos em 2018.
Rifas ilegais
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Segundo a Polícia Federal, esses indivíduos formavam uma organização criminosa dedicada à lavagem de dinheiro. Eles investiam recursos ilícitos em entretenimento e outros negócios. Henrique Alexandre Barros Vianna e Daniella Cristian Vianna, que administram empresas de entretenimento, também foram indiciados.
A Receita Federal emitiu autos de infração que somam mais de R$ 80 milhões contra Rodrigo Inácio de Lima Oliveira e a GR6 Eventos por sonegação de tributos.
O advogado de Rodrigo Inácio de Lima Oliveira afirmou que a GR6 é a maior produtora de música urbana da América Latina. Ele disse que a investigação não encontrou provas conclusivas contra Rodrigo Inácio e que as questões tributárias serão resolvidas pela empresa.
PCC estaria interferindo na promoção de artistas
Durante a investigação, foram interceptadas mensagens que indicavam ameaças e a interferência do PCC na promoção de artistas e na divisão de lucros de shows.
Em uma conversa interceptada, o empresário Henrique Alexandre Barros Viana, conhecido como Rato da Love Funk, e um homem identificado como Dog discutiram a compra de “60% do WN”, referindo-se a Willian Nogueira de Matos, o DJ WN.
Rato expressou o desejo de encerrar a sociedade na carreira do DJ, ao que Dog respondeu que colocaria o empresário “no prazo” e mencionou que “a final da leste” contataria Rato. A “final da leste” refere-se à liderança do PCC na zona leste de São Paulo, local da sede da Love Funk.
Influenciadores e MCs, como Ryan Santana dos Santos, o MC Ryan, e Wesley Rodrigo Góes Venceslau, conhecido como Wesley Alemão, também foram indiciados por promover loterias ilegais, suspeitas de lavar dinheiro do crime organizado.
Ryan é uma figura proeminente na cena do funk em São Paulo, com uma forte presença nas redes sociais e amizade com celebridades. Wesley Alemão, dono de uma empresa de influenciadores digitais, realizava rifas ilegais em colaboração com o Rato da Love Funk.
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Alexandre da Silva Santana, conhecido como Gugu da GR6, e Vitor Hugo dos Santos também foram indiciados por lavagem de dinheiro e promoção de loterias clandestinas.
Durante a investigação, foram registrados casos de extorsão por parte de policiais civis a artistas de funk. A operação permanece em andamento.
O post PF investiga ligação entre o PCC e produtoras de funk em São Paulo apareceu primeiro em Revista Oeste.