Polícia desvenda a rede de tráfico do ‘faz-tudo do PCC’

Willian Barille, de 37 anos, apelidado pela Polícia Federal de ‘faz-tudo do PCC’, é acusado de integrar uma rede internacional de organizações criminosas. Até mesmo a máfia italiana faz parte do esquema, segundo a PF.

De acordo com o delegado Eduardo Versa, Barille movimentou cerca de R$ 2 bilhões no sistema financeiro brasileiro entre 2018 e 2022. Segundo ele, ainda existem indicativos de investimentos no exterior, como aplicações nos Emirados Árabes e na Itália.

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Barille se apresentava como um empresário de sucesso, proprietário de nove empresas. No entanto, todas elas eram usadas para lavagem de dinheiro do tráfico, segundo a PF. “Constatamos vários indicativos do uso delas para lavagem de dinheiro e diversas metodologias também”, explicou Versa à GloboNews neste domingo, 23.

Para as autoridades, Barille era um “faz-tudo” do PCC, responsável por fornecer contatos e logística no Brasil e no exterior. Ele era sócio de Edmilson de Meneses, o Grilo, também faccionado, com quem enviava cocaína para a Europa pelo porto de Paranaguá.

Os criminosos escondiam a droga em contêineres já escaneados. As caixas eram escolhidas a dedo: deveriam pertencer a empresas idôneas e com boa reputação e, assim, não eram fiscalizadas fisicamente. O procedimento possibilitava o envio de centenas de quilos de cocaína.

A logística criminosa contava com o apoio da quadrilha do atravessador Jefferson Barcelos de Oliveira, um guarda civil de Paranaguá. Barcelos corrompia funcionários do porto e coordenava os carregamentos, de acordo com a PF.

Os primeiros negócios entre Barille e Barcelos datam de junho de 2019, quando houve uma reunião entre seus representantes no apartamento do mafioso italiano Nicola Assissi em Praia Grande, litoral paulista.

PCC vinculado à máfia italiana

As autoridades acreditam que a máfia enviava drogas para a Europa através de Barille. Em julho de 2019, Assisi e seu filho foram presos pela Polícia Federal, mas seus negócios persistiram até 2020, quando dois carregamentos com 770 kg de cocaína foram roubados.

Como funciona no mundo do crime, comparsas de Barille foram à casa de Barcelos para tirar satisfação, mas ele não estava presente. Minutos depois, a Polícia Militar surgiu para prender todos em flagrante. Na ocasião, Grilo prometeu que se vingaria dos “traidores”.

Meses depois, Barcelos foi executado. De acordo com a investigação, Barille chegou a enviar uma foto do corpo para os comparsas na Europa: “O guarda caiu, nós fomos roubados e matamos quem nos roubou”. O grupo ainda teria assassinado outras três pessoas ligadas a ele.

Barille montou uma nova equipe e, demonstrando que aprendeu com seus erros, passou a usar aviões particulares para transportar drogas à Europa. Em um único voo, essa aeronave, que foi apreendida pela Polícia Federal, levou quase uma tonelada de cocaína para Bruxelas, na Bélgica.

Marcola já cumpriu 24 anos de prisão em regime fechado | Foto: Reprodução/Redes sociais
Marcola já cumpriu 25 anos de prisão em regime fechado | Foto: Reprodução/Redes sociais

Em dezembro do ano passado, a Polícia Federal fez uma operação contra Barille. Foi realizada busca e apreensão em 31 endereços ligados a ele, como na mansão em que vivia em um condomínio de luxo em Alphaville, área nobre da Grande São Paulo.

Edmilson Meneses, o Grilo, morreu dois meses antes da operação. Barille ficou foragido por mais de um mês e depois se entregou. Na audiência de custódia, ele disse que se coloca à disposição da Justiça.

“Willian Barille nunca praticou nenhum ato ilícito, muito menos tráfico de drogas”, diz Eduardo Maurício, seu advogado. Para a PF, não há dúvidas de que ele comandava a quadrilha de tráfico de drogas.

Leia também: “São Paulo contra o crime”, reportagem de Silvio Navarro publicada na Edição 208 da Revista Oeste

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