O Canal do Panamá volta a ser ‘americano’: BlackRock compra portos da chinesa Hutchison

A americana BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, comprou os portos localizados na entrada e na saída do Canal do Panamá da empresa chinesa CK Hutchison por US$ 22,8 bilhões.

Canal do Panamá | Crédito: divulgação
Canal do Panamá | Crédito: divulgação

A empresa Panama Ports, controlada pela CK Hutchison, é a única que administra terminais em ambos os lados do Canal: o porto de Balboa na entrada do Pacífico do canal e o terminal de Cristóbal no Atlântico.

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A operação foi realizada por um consórcio de investidores liderado pela BlackRock, que comprará as participações majoritárias de dezenas de portos ao redor do mundo sob o controle da CK Hutchison, empresa baseada em Hong Kong. Dentro deste portfólio está também os portos no Panamá.

Trump tinha ameaçado intervir no Panamá

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tinha declarado desde o começo do seu segundo mandato que a gestão chinesa dos portos panamenhos era uma ameaça para os Estados Unidos, mesmo se o canal era administrado e controlado pelo governo do Panamá.

“A China está operando o Canal do Panamá, e não o demos à China”, disse Trump em seu discurso de posse, referindo-se ao tratado de 1977 que entregou o controle da infraestrutura ao Panamá.

No início de fevereiro, Trump enviou o secretário de Estado Marco Rubio ao Panamá, onde exigiu passagem livre para navios da Marinha dos EUA e medidas para conter a presença chinesa.

Após a reunião, Panamá concordou em sair da iniciativa da Nova Rota da Seda e pediu tempo para encontrar maneiras de permitir a passagem livre para os navios de guerra dos EUA sem violar o tratado de neutralidade do Canal. Também abriu uma investigação para saber se a CK Hutchison estava respeitando os termos da concessão dos portos.

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Os dois portos movimentaram 40% de todos os contêineres que cruzaram a hidrovia no ano passado. E o temor de Washington é que a presença chinesa nas duas pontas do canal possa restringir a navegação de navios americanos ou até mesmo o uso para fins militares, incluindo monitoramento de movimentos de navios ou possivelmente sabotar a hidrovia.

Autoridades panamenhas e vários ex-oficiais militares dos EUA disseram que as instalações não representam uma ameaça militar da China ou violam a neutralidade do canal.

Estados Unidos construíram o Canal do Panamá

Os Estados Unidos construíram o Canal do Panamá, inaugurado em 1914, e o cederam ao governo do país centro-americano no final de 1999, através de um tratado negociado mais de 20 anos antes com o então presidente Jimmy Carter.

Trump há muito tempo declara que o acordo é ruim para os EUA e reclama das taxas cobradas pelo Panamá e da infraestrutura chinesa construída ao longo da hidrovia.

A venda dos portos parece marcar um recuo das operações portuárias internacionais pela Hutchison, sediada em Hong Kong, controlada por uma das pessoas mais ricas da Ásia, Li Ka-shing, de 96 anos.

O grupo, que enfrentou pressão de autoridades nos EUA e no Panamá para se desfazer dos portos do Panamá, manterá seus portos em Hong Kong e na China continental, enquanto vai vender o controle de 43 portos, com 199 terminais de carga, situados em 23 países.

Com o acordo, além dos portos no Canal do Panamá, os investidores estarão no comando de portos em vários países, como Alemanha e Malásia, utilizados como base para o projeto chinês da Nova Rota da Seda.

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