Uma reportagem da Revista Rolling Stone, publicada nesta quarta-feira, 5, prefere não fazer rodeios e já inicia o primeiro parágrafo com um veredito: “Não há nada na história, em lugar nenhum, como a música do Steely Dan.” De acordo com a revista, os músicos do Steely Dan são os gênios do jazz-rock dos anos 1970, mas continuam tão populares e mais influentes do que nunca hoje em dia. É evidente que quando mencionam “os músicos” estão se referindo, principalmente, a Donald Fagen e Walter Becker, a dupla criadora da banda e responsável por uma série de álbuns clássicos. Dada a importância e a grande influência do Steely Dan, a Rolling Stone analisou e classificou as 84 canções da banda gravadas em estúdio, desde o álbum de estreia, Can’t Buy a Thrill (1972), até Everything Must Go (2003).
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Foi um longo período em que o Steely Dan lançou alguns dos álbuns mais aclamados de todos os tempos. Em 1973, Countdown to Ecstasy chegava com um apelo menos comercial, mas cheio de faixas brilhantes como Bodhisattva. No ano seguinte, Pretzel Logic apresentava o grande hit Rikki Don’t Lose That Number. Em 1975, a banda lança Katy Lied, uma nova transição para um som mais refinado. Em 1976 os músicos realizam um dos álbuns mais sombrios e subestimados da banda, The Royal Scam. A volta por cima acontece no ano seguinte, com o lançamento de Aja, o álbum mais icônico e que inclui pérolas como Peg, Deacon Blues, Black Cow e Josie.
Vale destacar que a introdução de Josie traz um dos riffs de guitarra mais elaborados já vistos e surpreendentemente tocado por Walter Becker — embora a banda frequentemente usasse guitarristas de estúdio para solos e acompanhamentos, nesse caso, Becker assumiu o papel e entregou um solo cheio de groove e feeling, combinando perfeitamente com a sonoridade sofisticada do funky presente na faixa. E ainda há Gaucho, de 1980, outro álbum clássico que contém Hey Nineteen e Babylon Sisters. Depois de um longo hiato, Becker e Fagen voltaram ao estúdio e gravaram Against Nature (2000), que ganhou o Grammy de Álbum do Ano.
De fato, é impossível qualquer comentário sobre a história da música sem mencionar Steely Dan, considerada uma das bandas norte-americanas mais inovadoras e sofisticadas. Fundada por Walter Becker (guitarra e baixo) e Donald Fagen (vocais e teclados), a banda se destacou por sua fusão única de rock, jazz, R&B e elementos de música pop. A sonoridade refinada, letras irônicas e um perfeccionismo inigualável em estúdio fizeram deles um dos grupos mais respeitados da história da música.
De NY para LA: Em 1972, chega ao mundo o álbum Can’t Buy a Thrill
Becker e Fagen se tornaram amigos ainda nos tempos de escola, na Bard College, em Nova York, no final dos anos 1960. Logo descobriram o amor comum pelo jazz e pelo rock e não demorou para começarem a tocar juntos em diferentes bandas. Passada uma década de diversão e muito estudo da música, perceberam que era hora do próximo passo. Os amigos se mudaram para Los Angeles, onde conseguiram um contrato com a ABC Records. Em 1972, chega ao mundo o álbum de estreia, Can’t Buy a Thrill, contendo pelo menos dois clássicos: Do It Again e Reelin’ in the Years. A partir daí foi uma jornada de sucesso que já dura mais de 50 anos.
Entre as dezenas de bandas da época que exploraram o mesmo gênero musical, o Steely Dan se diferencia de quase todas por conta de arranjos sofisticados, harmonias complexas e letras enigmáticas, muitas vezes carregadas de humor sarcástico. As músicas combinavam a estrutura do rock com a improvisação e a sofisticação harmônica do jazz, fundindo a isso elementos de soul, funk e pop de forma muito criativa.
Em suas composições, Becker e Fagen destacavam harmonias ricas e progressões de acordes pouco convencionais — acordes estendidos, sustenidos e diminutos, criando assim uma sonoridade jazzística dentro de um contexto pop-rock. Além disso, a dupla evitava as progressões clichês do rock tradicional, explorando modulações sutis, substituições tritonais e cromatismos, o que dava às músicas um caráter mais sofisticado e imprevisível. Para chegar a isso, a dupla buscou influências diversas que passaram por Duke Ellington e Miles Davis a Beatles e Rolling Stones.
Becker e Fagen ficaram famosos por conta do perfeccionismo, o que os levou a abandonar as turnês a partir de 1974. O objetivo era focar exclusivamente no trabalho de estúdio, quando a dupla passou a contar com a colaboração de alguns dos melhores músicos de estúdio da época. O guitarrista Larry Carlton contribuiu com solos icônicos e harmonias sofisticadas, ajudando a definir o som da banda. Jeff “Skunk” Baxter, também na guitarra, criou frases e solos criativos nos primeiros álbuns.
Um dos mais importantes bateristas de todos os tempos, Steve Gadd, é sempre reverenciado pelo impressionante solo de Aja, uma das performances mais elogiadas da música popular. Chuck Rainey, no baixo, ajudou a construir os grooves sofisticados e expressivos que são marca registrada em Steely Dan. E Michael McDonald, mais lembrado como o vocalista da banda Doobie Brothers, emprestou seu talento nos vocais e teclados, fornecendo harmonias ricas que ajudaram a moldar a sonoridade da banda.
Em 2001, Steely Dan foi introduzido no Rock and Roll Hall of Fame, além de ter conquistado múltiplos prêmios ao longo dos anos. Mesmo depois da morte de Walter Becker, em 2017, Donald Fagen continuou a manter vivo o legado do Steely Dan.
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