Ex-embaixador do Brasil em Washington, Rubens Barbosa prevê mais tensão entre Brasil e Estados Unidos, caso o STF e o governo avancem na regulamentação do controle das big techs. A reportagem é do jornal Folha de S.Paulo.
Para ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisa estabelecer canais de comunicação com o governo Donald Trump para tentar reduzir eventuais danos.
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Barbosa diz que a oposição faz incursões junto a funcionários americanos há meses, o que, segundo ele, resultam em estragos ao Brasil. Um deles é o relatório divulgado por uma comissão do Congresso dos EUA que mostra decisões sigilosas da Suprema Corte brasileira.
Apesar do aumento da tensão, o diplomata avalia que as medidas anunciadas por Trump são genéricas e não foram direcionadas especificamente ao Brasil, embora a taxação de 25% sobre aço e alumínio afete empresas nacionais.
Diante desse cenário, Barbosa afirma que a única alternativa para o Brasil é buscar a negociação, já que a Organização Mundial do Comércio (OMC) foi esvaziada e não tem força para intervir.
“Não temos cacife para fazer ameaça”, disse à Folha. “É diferente da China e do Canadá, que anunciaram retaliações e não poderiam deixar de fazê-lo, porque sofreram medidas direcionadas. No caso do Brasil, as medidas são genéricas.”
Barbosa foi embaixador em Washington em 2002, quando o então presidente americano George W. Bush impôs altas tarifas sobre o aço. À época, o diplomata conseguiu contornar a situação por meio da negociação.
Além de big techs, ex-embaixador fala sobre governos de Bush e Trump
Para ele, não há grande diferença ideológica entre Bush e Trump. Assim como o atual presidente dos EUA tem atritos com Lula, Bush também teve. A diferença, segundo Barbosa, está na imprevisibilidade de Trump, o que torna as negociações mais desafiadoras.
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O diplomata acredita que o dia 2 de abril será crucial para entender o alcance das medidas protecionistas de Trump. O presidente americano afirmou que a política de tarifas recíprocas, que afetará parceiros comerciais como a União Europeia, começará a valer nessa data.
Caso isso realmente aconteça, Barbosa alerta que o mundo pode entrar em uma guerra tarifária, com efeitos negativos na economia global, incluindo redução do crescimento econômico, alta nas taxas de juros e impacto no câmbio. “Isso vai afetar todos os países, inclusive o Brasil”, disse.
Segundo ele, Trump está determinado a cumprir as promessas feitas durante sua campanha eleitoral, o que representa um desafio para os parceiros comerciais dos EUA. “Achávamos que era só conversa fiada e agora estamos vendo que não”, pontuou. “Estamos diante do início de uma guerra tarifária.”
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