Para ex-presidente do PT, governo Lula ‘fez bosta na política externa’

José Genoino, ex-deputado federal e ex-presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), traçou um panorama das dificuldades enfrentadas pelo governo Lula.

Em entrevista ao jornalista Luís Nassif, pelo canal TV GGN, Genoino destacou a necessidade de ajustes imediatos para que o Brasil supere a atual turbulência política e econômica.

Segundo o ex-deputado, o governo deve estabelecer um núcleo político mais coeso e ofensivo. Ele ponderou que um dos maiores erros do PT foi cair na “armadilha” de enxergar a questão como um problema de comunicação, e não de articulação.

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Genoino ressaltou que o partido precisa ajustar as rédeas e traçar um plano sólido para 2026. Ele afirmou também que a sigla “deve ter compromisso com o governo, mas, ao mesmo tempo, fazer críticas, observações e cobranças”.

“O núcleo político do Planalto precisa ser mais ofensivo e coeso”, disse o ex-deputado. “Não pode apenas ficar apoiando o Lula, bater nas costas e elogiar. Precisa de um núcleo que discuta, elabore, critique e fiscalize. Lula precisa disso.”

De acordo com o ex-parlamentar, o governo não pode perder tempo. Genoino criticou falhas importantes do PT, como a falta de reavaliação do arcabouço fiscal e as mudanças insuficientes nas Forças Armadas.

PT deve ajustar relação com o centrão e romper dependência do STF

Genoino afirmou que a negociação com o centrão no Congresso, sem definir um posicionamento claro, pode favorecer a ascensão da “extrema direita”.

“Lula tem de equilibrar uma aliança ampla com outra mais definidora”, disse Genoino. “Tem de fazer o movimento certeiro, pois só temos dois anos. Você tem uma extrema direita ousada, porra-louca, que não tem limite para mentiras e para a enganação.”

Ele argumentou que Lula deve liderar uma agenda democrática e popular para o Brasil. O ex-deputado esclareceu que isso não implica romper com o Congresso, mas em não se limitar a uma “agenda institucional oligárquica”.

“Se ficarmos gastando tempo com o centrão, com Pacheco, com Lira, com Alcolumbre e com o presidente da Câmara, Hugo Motta, vamos deixar de lado a agenda do país”, ponderou o ex-líder da sigla.

Além disso, embora o Supremo Tribunal Federal (STF) tenha ajudado nas articulações do governo, Genoino afirmou que o PT não pode contar apenas com o Judiciário. Ele ressaltou que o partido precisa buscar alternativas além da primazia do STF.

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“Não podemos depender do protagonismo do Judiciário, que neste momento nos interessa, mas não podemos achar que a soberania será resolvida assim”, disse o ex-deputado. “O poder emana do povo, seja pela via direta ou indireta.”

Indagado sobre a possibilidade de um impeachment contra Lula, ele considerou a hipótese improvável, mas alertou que “não podemos ter ilusões”, pois a “luta política não permite ingenuidade”.

A aposta fracassada do PT nas eleições dos EUA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, entraram em conflito em 2024 por divergências políticas e diplomáticas.

As tensões aumentaram depois das eleições presidenciais venezuelanas de julho, quando Maduro assumiu a vitória. O resultado levantou suspeitas sobre a transparência do pleito.

Lula criticou o processo eleitoral e cobrou a divulgação das atas de votação. O petista considerou que a medida garantiria clareza nos resultados. A postura irritou o regime venezuelano e aprofundou a crise diplomática entre os dois países.

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Nesse contexto, Genoino disse que o embate provocado por Lula dificultou a cooperação entre os países e prejudicou a aproximação cultural e política na região.

Ele argumentou que o PT apostou na aproximação com os Estados Unidos, contando com a vitória de um presidente democrata, e na disposição da União Europeia para fazer concessões.

“Acho que o Brasil fez uma bosta na política externa em relação à Venezuela, complicando a integração latino-americana”, afirmou Genoino. “Ao meu ver, o país aportou na possibilidade de os democratas vencerem as eleições nos Estados Unidos e na capacidade da União Europeia fazer concessões.”

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