A Warner Bros./Discovery removeu os curtas clássicos Looney Tunes, compostos por animações produzidas entre 1930 e 1969, da plataforma de streaming Max. De acordo com comunicado da empresa, produções infantis como Looney Tunes e Sesame Street (Vila Sésamo) não são mais uma prioridade e a decisão faz parte de uma estratégia para priorizar conteúdo direcionado ao público adulto e familiar. Trata-se de continuação da mesma estratégia aplicada em 2024, quando a empresa fechou o site do Cartoon Network e o serviço de streaming Boomerang, dedicado exclusivamente à exibição de desenhos animados clássicos da biblioteca da Warner Bros. Animation.
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A notícia, além de surpreendente para os assinantes, também gerou indignação entre os fãs por considerarem esses desenhos fundamentais na história da animação americana. A surpresa se dá por conta de uma declaração da Warner/Discovery feita em 2023, quando o grupo comunicou que não tiraria a versão clássica das animações da plataforma. Ocorre que pouco tempo depois do comunicado vários títulos foram removidos, levando a empresa a explicar que tudo não passava de um equívoco. Ao mesmo tempo, os assinantes da plataforma foram avisados que spin-offs da franquia, bem como novas temporadas de versões mais modernas (feitas entre 2015 e 2020), estariam disponíveis no serviço de streaming.

Entre as animações consideradas modernas estão episódios de New Looney Tunes, Baby Looney Tunes e as temporadas de Tiny Toons – Looniversidade, esta última considerada o xodó da empresa. O Looniversidade é um jogo de palavras que faz referência tanto à universidade (o ambiente central das histórias) quanto à diversidade. A série animada acompanha os personagens Lilica, Perninha, Sweetie, Presuntinho e Plucky Duck, enquanto eles aprendem o que é preciso para se tornarem desenhos animados profissionais sob a tutela de lendas dos Looney Tunes, como Pernalonga e Patolino. Tudo dentro de uma universidade norte-americana, espaço historicamente associado a debates sobre diversidade, inclusão e justiça social — temas frequentemente ligados à ideologia progressista.
Agenda woke e o cancelamento de símbolos culturais
Trata-se da mesma ideologia que, há décadas, iniciou uma campanha de cancelamento de inúmeros símbolos culturais com o objetivo de reescrever a história sob o argumento de que são conteúdo ofensivo ou inapropriado. Em 1968, por exemplo, 11 curtas-metragens animados de Looney Tunes e Merrie Melodies foram incluídos numa tal lista intitulada Censored Eleven (Onze censurados), banidos pela United Artists e retirados de circulação devido ao uso de estereótipos étnicos considerados ofensivos.
Entre os 11 curtas proibidos estão desenhos estrelados por personagens clássicos como Pernalonga. Mas aquele considerado um dos mais ofensivos da lista é Coal Black and de Sebben Dwarfs (1943), uma paródia de Branca de Neve e os Sete Anões em que os personagens são negros e falam em seu próprio dialeto. A animação exalta as características do negro, coloca as mulheres em posição de destaque e homenageia o jazz, inserindo na trilha sonora um dos gêneros mais importantes na história da música norte-americana.

Ninguém imaginaria que, passadas cinco décadas, a própria Disney se encarregaria de fazer uma versão Live Action de Branca de Neve e os Sete Anões em que a Branca de Neve é interpretada por uma garota parda de origem colombiana. O fato é que esses 11 curtas nunca foram retransmitidos na televisão dos EUA e não foram oficialmente lançados em home vídeo, desconsiderando-se completamente o valor histórico das produções, quando deveriam ser estudados no contexto da história da animação e da evolução da representatividade racial na mídia.
O post Looney Tunes — Clássicos produzidos entre 1930 e 1969 são removidos do streaming Max apareceu primeiro em Revista Oeste.