Cerca de 8,8 milhões de cidadãos residem fora da Venezuela, segundo dados divulgados pelo Observatório da Diáspora Venezuelana, organização que há quase 15 anos pesquisa o fenômeno migratório no país.
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De acordo com o discurso oficial do regime de Nicolás Maduro, as razões pelas quais milhões de venezuelanos decidem cruzar as fronteiras e se estabelecer em outros países estão relacionadas à aplicação de sanções econômicas por parte dos Estados Unidos.
No entanto, o sociólogo Tomás Páez, presidente do Observatório, atribui este cenário ao socialismo chavista. “O socialismo, mesmo que tenham colocado o rótulo de ‘século XXI’, é o mesmo de sempre”, defendeu, em texto publicado no site do órgão. “Seus atributos típicos são: pobreza, miséria, racionamento e diáspora.”
“O socialismo é uma prisão”, diz especialista
Páez trouxe exemplos históricos para explicar seu ponto. “Na União Soviética, foram impostos passaportes para que as pessoas não fugissem”, lembrou. “Na Alemanha, o socialismo caiu não quando destruíram o muro, mas quando tiveram que construí-lo para evitar que as pessoas fugissem. Ali ficou demonstrado que o socialismo é uma prisão.”
Ele argumenta que o socialismo despreza o ser humano, porque o vê como uma peça de uma engrenagem controlada pelo Estado, e é por isso que é tão ineficiente. “Isso aconteceu na União Soviética, na Polônia, na Tchecoslováquia, no Vietnã, na China, onde levou 60 milhões de pessoas à morte, e em Cuba”, afirmou.
“Não são as sanções, é que o socialismo liquida qualquer possibilidade”, argumenta o sociólogo. Ele explica que a Venezuela, até 2012 — durante o governo de Hugo Chávez — recebeu a maior renda de toda a história do país, seis ou sete vezes a renda recebida em 40 anos de democracia.
“Isso se transformou em US$ 500 bilhões que estão fora do país ou em algumas dessas ‘lavanderias'”, acusou, em referência a lavagem de dinheiro. “A renda se transformou em sal e água, o país foi destruído, tudo foi importado, a indústria foi destruída!”
O que causa o êxodo da Venezuela?
Páez afirma que a migração é causada por situações multifatoriais. Um dos aspectos é o econômico e social, onde destaca uma queda significativa do Produto Interno Bruto (PIB), algo nem mesmo visto em países em guerra. “Temos uma sociedade absolutamente empobrecida, além das bolhas que existem em certas zonas da Venezuela”, destacou.
Outro aspecto que mais preocupa as pessoas é a segurança. “No caso de muitos jornalistas, há a perseguição e o medo de fazer seu trabalho”, denuncia Páez, ao informar que milhares de engenheiros tiveram que sair por causa da queda no setor da construção civil.
Ele explica que pouco mais de dois terços da diáspora venezuelana está em países da América do Sul e que, somente pelo Darién (fronteira entre Colômbia e Panamá), passaram no ano anterior 600 mil pessoas, das quais 60% eram venezuelanos, uma parte vinda diretamente da Venezuela e outra de países da América do Sul.
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