A lista é imensa. E inimaginável décadas atrás, quando o Brasil estava quase de fora dos mercado de grandes shows de música. Em 2025, a quantidade de apresentações no país já supera em 60% o índice antes da pandemia, segundo a Associação Brasileira de Promotores de Eventos (Abrape).
+ Leia mais notícias de Cultura em Oeste
Haverá grandes atrações praticamente a cada semana, com performances de cantores da nova geração, como Benson Boone, Olivia Rodrigo e, por que não, Justin Timberlake, e os veteranos, como o grupo Tears for Fears, Alice Cooper e Sting.
Entre festivais e apresentações particulares, também não faltarão nomes de peso como Lady Gaga, Green Day e até o concorridíssimo Oasis.
“Nos anos 70 e 80, o Brasil estava distante das grandes produções internacionais, o que resultava em uma quantidade menor de shows de artistas estrangeiros no país”, afirma a Oeste Doreni Caramori Júnior, presidente da Abrape.
“Isso refletia uma realidade global em que a circulação da música e do entretenimento não era tão fluida como é hoje. No entanto, ao longo das décadas, houve uma mudança significativa nesse cenário, tanto no Brasil quanto no mundo.”
Segundo Caramori Júnior, o fenômeno da globalização foi um fator importante, ao permitir que o Brasil passasse a consumir mais conteúdo estrangeiro e, ao mesmo tempo, se tornar um destino atrativo para artistas internacionais. Mas não foi o único fator.
“Esse processo foi acelerado pela popularização das redes sociais, que ajudaram a realocar o conteúdo, tornando-o global e aumentando o interesse por shows no Brasil”, observa o presidente da Abrape. “Além disso, houve uma grande evolução na infraestrutura e na profissionalização da cadeia de negócios de eventos no país.”
O levantamento anual da entidade, chamado de Radar Abrape, indica que o core business (negócio central) do setor de eventos deve contar com 103,1 mil empresas em 2025. Isso significa uma alta de 3,1% em relação às 100 mil em 2024. Tal aumento reflete não só a manutenção da retomada como também a abertura de novos negócios no segmento.
O chamado hub setorial (conexão de todos os dados do setor) engloba 52 atividades relacionadas ao segmento. O estudo prevê uma alta no número de empresas, que deverá chegar a 836.789 em 2025, 1,9% a mais em comparação com as 821.306 projetadas para 2024.
O ano de 2025 promete ser um dos mais intensos no cenário musical no Brasil. O setor já representa 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e gera 3.506.431 empregos (7,4% de empregos no Brasil).
“A infraestrutura do Brasil para shows tem evoluído consideravelmente, especialmente nas grandes capitais como São Paulo e Rio de Janeiro, que já possuem locais adequados para eventos de grande porte, com capacidades que atendem às exigências internacionais”, ressalta Caramori Júnior.
Ele, no entanto, faz uma ressalva.
“Apesar desse avanço, ainda há desafios a serem superados, especialmente em regiões fora dos grandes centros urbanos, onde a infraestrutura precisa de melhorias, particularmente em relação à acessibilidade, transporte e segurança.”
Artistas multimídia
O dirigente da Abrape ressalta que, além do nome consolidado dos artistas, uma combinação entre o rádio e as novas modalidades de comunicação tem ajudado no sucesso destes eventos.
No recente show de Bruno Mars, em 2024, por exemplo, todas as seis apresentações dele em São Paulo tiveram todos os ingressos vendidos e foram abertas apresentações extras.
Caramori Júnior dá a receita para que o nome do artista, por si só, não gere acomodação e traga algum risco de fracasso de público ou de bilheteria.
“O nome do artista é, sem dúvida, um fator crucial para o sucesso de um evento, mas não é o único”, destaca ele. “O sucesso de um artista como Bruno Mars, por exemplo, é decorrente de inúmeros fatores. “
Ele afirma que Bruno Mars é um artista multimídia, com grande presença não apenas no rádio, mas também na TV e em outras plataformas digitais. Esse status, em geral, contribui para sua grande visibilidade e demanda.
“Para garantir o sucesso, no entanto, os produtores realizam uma análise detalhada do mercado e do público, considerando diversos fatores, como a infraestrutura disponível, acessibilidade, preço do ingresso, logística e o timing do show. Além disso, a sensibilidade direta do mercado, obtida através das redes sociais e pesquisas de opinião, também é essencial para mensurar a demanda.”
Leia mais: “A triste atualidade de O Pianista”
O êxito deste setor no momento é resultado tanto da visibilidade dos artistas da atualidade, quanto da manutenção da força dos da velha guarda, como Alice Cooper e o grupo Tears for Fears. Todos eles ainda têm penetração entre o público, graças também às novas plataformas digitais.
“É essa força de marca que, combinada com as novas plataformas de comunicação, mantém esses artistas relevantes e conectados ao público, independentemente da frequência de seus shows”, completa o presidente da Abrape.
O post Grandes shows de música no Brasil já representam 4,5% do PIB apareceu primeiro em Revista Oeste.