Israel e a nova face do antissemitismo

O ataque de 7 de outubro de 2023 nada teve a ver com a causa palestina. Pelo contrário, conforme afirma o professor, Uriya Shavit, especialista em Oriente Médio e Estudos Islâmicos, da Universidade de Tel-Aviv. O atentado terrorista desvirtuou essa questão e apenas serviu para expor, sob a desculpa de acusar Israel, um sentimento antissemita que vinha sendo contido nas últimas décadas.

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“É difícil generalizar, mas posso dizer que é comum Israel ser uma desculpa para a manifestação do antissemitismo de muitas pessoas”, afirmou Shavit a Oeste. “Aquelas pessoas que dizem que são contra Israel porque o país é colonialista, não dizem isso sobre a Austrália, não dizem isso sobre o Canadá. Por que fazem de Israel o bode expiatório? “


A questão palestina, conforme ele diz, tem sido utilizada mais como narrativa do que como objetivo real dos terroristas do Hamas e de seus apoiadores. Narrativa esta que muda de acordo com o momento. Se em 2005 a pressão sobre Israel era em relação à desocupação da Faixa de Gaza, o argumento perdeu efeito quando as tropas e os colonos israelenses deixaram a região naquele mesmo ano.

Quase vinte anos depois, sem nenhum tipo de ocupação israelense, ocorreram os ataques brutais no sul do país, que causaram a morte de 1,2 mil pessoas em Israel e o sequestro de 251 cidadãos. A bandeira da causa palestina voltou a ser deflagrada no rasto desta atrocidade cometida pelo Hamas e outros grupos terroristas.

“Se antes [até 2005] a exigência era o fim da ocupação israelense em Gaza, o objetivo foi alcançado”, lembra Shavit.

“Mas isso não era o que eles estavam procurando. Eles estavam procurando acabar com o Estado de Israel em si. O dia 7 de outubro provou que há pelo menos um segmento substancial da população palestina que não está interessado em uma solução de dois Estados, que não está interessado em qualquer tipo de compromisso.”

Antissemitismo ligado à existência de Israel

Shavit ressalta que o antissemitismo atual apenas ganhou uma nova roupagem. Mas em grande parte ainda mantém as mesmas raízes irracionais, arcaicas, perversas de milênios atrás.

“O ônus da explicação está sobre essas pessoas que se dizem contra Israel”, observa o acadêmico. “O sentimento, porém, é antigo. Há muito foco nas manifestações anti-Israel, mas muitos dos incidentes antissemitas que você vê no mundo hoje são clássicas manifestações de antissemitismo, agora como manifestações de antissemitismo moderno.”

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O motivo das manifestações é importante, mas não é tudo, acrescenta ele. A violência humana e a intolerância, afinal, é o que está por trás do antissemitismo.

“Digamos que uma pessoa que atira um ovo em um menino não seja antissemita e o fez por outro motivo”, observa o professor da Universidade de Tel-Aviv. “Isso torna tudo bem? Estamos nos dividindo de certa forma demais em uma questão que é importante, mas não é a crucialmente importante. A questão crucialmente importante é que a dignidade dos seres humanos deve ser respeitada.”

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