O ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu disse, nesta sexta-feira, 28, que um grupo de integrantes do Partido dos Trabalhadores (PT) envolvidos no caso do Mensalão, quem ele chama de “mensaleiros”, nunca saiu do comando da sigla e da política. A declaração foi dada para rebater críticos a ele e à candidatura do ex-prefeito de Araraquara (SP) Edinho Silva à presidência da legenda.
“Agora eu ouço dizer de alguns críticos da candidatura que ‘os mensaleiros querem voltar’”, disse Dirceu. “Primeiro, eu nunca saí, nem o Delúbio (Soares), nem o (João) Vaccari (Neto), nem o João Paulo (Cunha). Nós nunca saímos.”
O próprio Dirceu ensaia um retorno à política em 2026, quando deve sair candidato a deputado federal, função que exerceu por três mandatos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que ele retornasse, segundo o ex-ministro.
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Dirceu voltou a dizer a petistas que o Mensalão seria uma “farsa”. O esquema de corrupção consistia no pagamento de mesadas a parlamentares para assegurar apoio à base governista de Lula em 2003 e 2004. O ex-ministro foi condenado em 2012 a 7 anos e 11 meses de prisão no processo.
Quatro anos depois, em 2016, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, hoje presidente da Corte, concedeu indulto ao ex-ministro da Casa Civil no âmbito do Mensalão. O petista, no entanto, permaneceu preso em razão de penas oriundas da Operação Lava Jato.
Situação de José Dirceu e de outros mensaleiros do PT

Fora José Dirceu, outros mensaleiros do PT chegaram a ser presos. Ex-presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha, por exemplo, foi condenado a seis anos de prisão. Ele, contudo, cumpriu apenas dois anos da pena. Ele ficou atrás da grades até 2016, quando o STF o absolveu depois de a então presidente Dilma Rousseff lhe conceder indulto, um perdão presidencial.
Ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares também recebeu o mesmo prazo de pena e tempo em reclusão. Foi outro a se beneficiar do perdão que teve chancela de Dilma.
Outro a atuar na tesouraria do Partido dos Trabalhadores, João Vaccari Neto foi condenado a 24 anos de prisão na Lava Jato. Entretanto, a pena foi anulada pelo ministro Edson Fachin, do STF, em janeiro de 2024.
Briga pelo comando do petismo

Dirceu participou do ato inaugural da campanha de Edinho Silva à presidência da sigla no meio de uma disputa dentro do partido.
A corrente majoritária do PT, chamada de Construindo um Novo Brasil (CNB), vive uma crise. Uma ala desse grupo, o qual Lula faz parte, não aceita Edinho, nome indicado pelo próprio presidente da República para assumir a sigla.
As eleições que vão renovar a cúpula do diretório nacional do PT, com voto dos filiados, estão marcadas para 6 de julho. Há divergências entre Edinho e a própria Gleisi Hoffmann, última presidente eleita do PT e atual ministra das Relações Institucionais do governo Lula.
O principal motivo pela briga interna é o controle da tesouraria do PT. A soma dos fundos partidário e eleitoral da sigla está na casa dos R$ 700 milhões por ano. Edinho não aceita que a secretária de finanças do partido, Gleide Andrade, pré-candidata a deputada federal, permaneça no cargo.
Em recente discurso, Edinho negou o conflito, mas, sem citar José Dirceu ou outros mensaleiros do PT, fez críticas discretas a Gleide. “Reconheço méritos no trabalho dela, como eu penso também que o partido que tenha que avançar na democracia precisa também democratizar o debate de finanças”, disse ele. “Democratizar o debate de elaboração do seu orçamento.”
O candidato a presidente do petismo também apelou pela união da corrente majoritária da sigla. “Não existe construção política sem centro político. E a CNB sempre foi o centro político do Partido dos Trabalhadores”, afirmou. “Quero trabalhar para construir um novo campo majoritário do PT para que a gente possa ser um partido que valorize as nossas instâncias.”
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Revista Oeste, com informações da Agência Estado
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