Abin realizou operação hacker contra governo do Paraguai

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) realizou uma operação hacker contra o governo do Paraguai, como detalhado em um depoimento recente de um servidor da Abin à Polícia Federal. O portal UOL divulgou a informação nesta segunda-feira, 31.

Segundo o agente da Abin, a ação, que visou à captura de dados de autoridades paraguaias, ocorreu meses antes do Brasil fechar um novo acordo sobre os valores pagos ao Paraguai pela energia da Usina de Itaipu, em maio de 2024.

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O agente relatou à Polícia Federal que a operação utilizou o programa Cobalt Strike, ferramenta de invasão de dispositivos eletrônicos. “O Cobalt Strike era uma ferramenta utilizada para o desenvolvimento de um artefato de intrusão em computadores do governo paraguaio para dados relacionados à negociação bilateral de Itaipu”, afirmou.

Segundo o UOL, o objetivo era acessar informações do anexo C do tratado de Itaipu, que define as bases financeiras para a comercialização de energia entre Brasil e Paraguai desde 1973.

Os ataques partiram de servidores montados no Chile e no Panamá. A energia da usina é dividida igualmente entre os países, mas o Paraguai vende seu excedente ao Brasil. Em 2023, o tratado previa revisão das tarifas e condições de comercialização. Nos últimos anos, o Paraguai pressionava o Brasil por um aumento nos valores pagos.

Abin forneceu informações para acordo com o Paraguai

Em maio de 2024, sob a liderança do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o Brasil concordou em aumentar as tarifas pagas ao Paraguai, mas abaixo do valor inicialmente exigido.

A ação da Abin, segundo o agente, capturou senhas e dados de cinco ou seis autoridades paraguaias, com o objetivo de garantir que o Brasil tivesse acesso a informações sensíveis para influenciar as negociações.

De acordo com o UOL, operação foi aprovada pela cúpula da Abin, incluindo o então diretor Victor Carneiro, durante o governo de Jair Bolsonaro, e o atual diretor Luiz Fernando Corrêa.

“Luiz Fernando teria vibrado, gostou muito, que era a primeira vez que se sentia numa atividade de inteligência”, relatou o agente.

Corrêa, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-comandante da corporação durante o segundo governo Lula, foi nomeado para liderar a Abin no terceiro mandato do presidente.

A nomeação de Corrêa gerou tensões internas, especialmente com Andrei Rodrigues, atual diretor da Polícia Federal, que preferia outro nome para o cargo. Nos bastidores, a investigação da Polícia Federal sobre a gestão de Corrêa é vista como parte dessa disputa de poder.

A operação da Abin levantou dúvidas sobre sua legalidade, o que levou a Polícia Federal a investigar possíveis irregularidades.

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