“O preço da liberdade é a eterna vigilância.” A frase que dá o tom ao livro Liberdade Ameaçada, organizado pelo deputado estadual Rodrigo Lorenzoni (PL-RS), não foi escolhida à toa. A obra, que será lançada nesta quarta-feira, 2, na Drummond Livraria, em São Paulo, reúne artigos de 13 autores — entre jornalistas, parlamentares, juristas e ativistas — com um objetivo claro: denunciar a escalada autoritária que tem sufocado as liberdades fundamentais no Brasil.
O livro aponta ataques à liberdade de expressão, à liberdade de imprensa, ao direito à propriedade, à liberdade religiosa, econômica e até ao direito à autodefesa. Para Lorenzoni, a virada mais simbólica nesse processo se deu durante a pandemia.
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“Foi ali que tivemos uma primeira amostra clara da tirania estatal, quando começamos a ver liberdades sendo desrespeitadas — como o direito de ir e vir e a liberdade de escolha das pessoas”, afirma. “A imagem de uma mãe com as filhas na praia sendo abordada pelo aparato estatal ficou marcada. Depois veio o processo eleitoral, em que vimos a Justiça Eleitoral agir de forma desigual. Na ocasião, Bolsonaro foi proibido de fazer lives, de mostrar imagens do Lula, enquanto o outro lado não sofreu qualquer sanção parecida. Dali em diante, começou uma grande escalada autoritária.”
Proposta do livro é reunir autores que atuam em diversas frentes
Com uma curadoria que buscou pluralidade dentro de um campo comum — a defesa das liberdades — o livro traz nomes como o jornalista Guilherme Baumhardt, a vereadora Eduarda Campopiano, o economista Paulo Kogos, o deputado federal Marcos Pollon e o ex-ministro Onyx Lorenzoni. A proposta, segundo Rodrigo, foi reunir autores que atuam nas mais diversas frentes e que enfrentaram na prática a repressão do Estado.

“A pluralidade é justamente uma intenção do livro, para demonstrar que há um processo de avanço contra as liberdades no Brasil e que isso não se restringe à liberdade de expressão, que é uma das liberdades mais importantes”, explica. “Buscamos jornalistas que, de alguma forma, foram vítimas do cerceamento da sua liberdade de expressão.”
Entre os ensaios, destacam-se reflexões sobre o inquérito das “fake news“, as arbitrariedades do Supremo Tribunal Federal, a perseguição a jornalistas, as restrições à atividade econômica e o uso da cultura como ferramenta de doutrinação ideológica.
“Nós temos princípios constitucionais, que são basilares do estado democrático de direito e garantidores da liberdade, como o devido processo legal, o direito à ampla defesa, o duplo grau de jurisdição, que estão totalmente fragilizados hoje no Brasil”, diz Lorenzoni. “O inquérito das “fake news”, por exemplo, desconhece, atropela, esses conceitos basilares e constitucionais, restringe as liberdades e os direitos individuais e, consequentemente, tira a garantia de liberdade das pessoas.”
Livro Liberdade Ameaçada vai além da denúncia
Mas o livro Liberdade Ameaçada vai além da denúncia. Para seus organizadores e autores, trata-se também de um convite à ação. A proposta é fornecer ferramentas para que o cidadão comum — mesmo aquele que não atua em cargos públicos ou não se envolve com política partidária — compreenda o que está acontecendo e saiba como reagir.
“O entendimento e a compreensão vão tornar as pessoas mais vigilantes e ativas politicamente, mais atentas nas eleições, mais engajadas na sociedade e nos movimentos que defendem as ideias e as causas que precisam ser defendidas, porque garantem a nossa liberdade”, declarou o deputado.
Ao mesmo tempo, a obra também busca preencher uma lacuna histórica do movimento conservador brasileiro: a ausência de produção cultural e intelectual.
“Uma das constatações que nós fizemos enquanto movimento conservador e de direita no Brasil, é que faltava muito a nossa participação com obras de literatura, com documentários, cinema, jornalismo, que é onde se formam a opinião e a consciência de uma sociedade”, enfatizou o organizador. “Temos a expectativa de que, a partir da leitura do nosso livro, as pessoas possam se sentir motivadas a cada vez mais buscar informações para compreender a gravidade do que nós estamos vivendo e reajam, a partir de ações democráticas, em defesa do que acreditam.”
Em tempos de censura institucionalizada, perseguição ideológica e relativização de princípios jurídicos elementares, o livro faz uma defesa direta — e necessária — daquilo que, segundo seus autores, está mais em risco: a liberdade.
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