A Rússia rejeitou as propostas dos EUA para um cessar-fogo na Ucrânia nesta terça-feira, 1º. No entanto, Moscou disse estar levando as ideias do governo norte-americano “a sério”, depois de o presidente Donald Trump dizer, no último domingo, 30, que estava “irritado” com o governo russo por alongar as negociações de paz.
“Levamos muito a sério os modelos e soluções propostos pelos norte-americanos, mas não podemos aceitar tudo em sua forma atual”, disse o vice-ministro das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov, à mídia estatal russa sobre o plano de cessar-fogo incondicional de Trump, com o qual a Ucrânia já concordou.
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“Até onde podemos ver, entre eles não há espaço hoje para nossa principal demanda, que é resolver os problemas relacionados às causas fundamentais deste conflito”, afirma o ministro russo. “Isso está completamente ausente e precisa ser superado.”
Os comentários de Ryabkov, feitos à revista russa International Affairs, vieram apenas um dia depois de o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, entrar em modo de controle de danos, ao falar que Moscou ainda estava em bons termos com Washington, apesar das preocupações de Trump.
A fala de Ryabkov sugere que os EUA e a Rússia não conseguiram superar a diferença que o presidente Vladimir Putin citou no último mês, quando insistiu que a proposta apoiada pela Casa Branca precisava de reformulação.
Embora Moscou afirme estar aberto à paz, suas ações indicam um desejo de continuar a guerra, segundo Alex Plitsas, do think tank Atlantic Council. Na segunda-feira, a Rússia ordenou o recrutamento de 160 mil novas tropas — apesar dos apelos de Trump às duas partes para “parar com as mortes”.
Convocar novas tropas “geralmente não é indicativo de um cessar-fogo”, disse Plitsas ao jornal norte-americano New York Post.
Trump ameaça impor sanções sobre a Rússia diante da demora
Enquanto Moscou prolonga as negociações de cessar-fogo com novas demandas, Trump tem se tornado menos paciente. Ele sugeriu no domingo que pode impor sanções a países que compram petróleo russo se achar que Putin está atrasando um acordo mais amplo.
Putin, por sua vez, afirma querer que a Ucrânia abandone suas ambições de ingressar na Otan e que a Rússia controle totalmente quatro regiões ucranianas que já reivindicou como suas. Trump tem sido firme em primeiro garantir um cessar-fogo antes de discutir os termos para o fim da guerra, que já dura mais de três anos.
Questionado sobre os últimos comentários do presidente dos EUA, o porta-voz do Kremlin, Peskov, disse que a Rússia estava “mantendo os contatos com o lado norte-americano”.
“O assunto é muito complexo”, disse ele na terça-feira. “Isso requer muito esforço extra.”
Separadamente, Ryabkov também alertou na entrevista que ataques contra a infraestrutura nuclear do Irã teriam consequências “catastróficas”, depois que Trump ameaçou bombardear o país a menos que ele chegasse a um acordo sobre seu programa nuclear.
“Consideramos esses métodos inadequados, os condenamos, os consideramos uma forma de [os EUA] impor sua própria vontade ao lado iraniano”, disse Ryabkov.
O Kremlin tem laços profundos com o Irã, já que o adversário dos EUA é um de seus aliados mais próximos. Teerã forneceu à Rússia inúmeros drones usados no campo de batalha, enquanto Moscou fica com poucas munições tradicionais.
Moscou também se ofereceu para ser um mediador entre a Casa Branca e o Irã.
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