Em editorial publicado neste domingo, 5, o jornal Gazeta do Povo denuncia que Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tornou-se bode expiatório de um escândalo que envolveu um suposto conluio entre o TSE e o Supremo Tribunal Federal (STF).
Tagliaferro foi indiciado pela Polícia Federal por violação de sigilo funcional, depois do vazamento de mensagens que revelariam uma atuação “fora do rito” entre os tribunais, coordenada pela Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED), chefiada por ele.
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Segundo as mensagens, decisões contra críticos do Judiciário já estavam previamente tomadas e cabia à AEED “produzir informações” que as justificassem. Em uma delas, o juiz instrutor Airton Vieira orienta Tagliaferro: “Use sua criatividade” para fundamentar a desmonetização de veículos como Oeste.
Em outro episódio, Vieira diz: “Capriche no relatório, por favor. Rsrsrs”, numa ação para censurar o colunista Rodrigo Constantino. Há ainda o comentário emblemático: “Quando ele cisma, é uma tragédia”, ao se referir ao ministro Alexandre de Moraes.
O texto argumenta que, mesmo que Tagliaferro tenha vazado as mensagens, o ato se enquadra como whistleblowing, prática pela qual alguém denuncia irregularidades internas no serviço público ou privado. “Democracias investigam suas denúncias, não as acobertam”, afirma o editorial, que reforça: “Tagliaferro está destinado a ser o bode expiatório em um escândalo no qual ele é quem teria menos motivos para sofrer qualquer tipo de consequência.”
Outro ponto grave é a violação do sigilo profissional entre Tagliaferro e seu advogado. A PF acessou suas mensagens privadas, com autorização de Moraes, e buscou indícios de “organização criminosa”. Mesmo sem encontrar provas, os diálogos seguem públicos desde novembro de 2024. A OAB, por sua vez, classificou a situação como “inaceitável”, mas limitou-se a acompanhar o caso com “atenção redobrada”.
Editorial fala sobre perseguição judicial a críticos do STF e TSE
Por fim, o editorial critica a normalização da perseguição judicial a críticos do STF e TSE, e citou casos de censura e punições exemplares: “A eventual punição do ex-assessor do TSE acrescentaria uma nova categoria de “troféus de caça”, a de quem expõe ao país as entranhas do sistema que, em nome da “defesa da democracia”, não hesita em jogá-la no lixo.”
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