Deputada que teve o pai perseguido durante o regime militar pede anistia aos presos do 8 de janeiro

A deputada federal Rosana Valle (PL-SP), filha do ex-sindicalista Francisco Valle, perseguido durante o regime militar, se manifestou a favor da anistia aos presos do 8 de janeiro de 2023. A parlamentar deu a declaração nesta quarta-feira, 9, em entrevista ao programa Oeste com Elas.

“Tenho esperança de que o Projeto de Lei da Anistia será pautado na Câmara”, disse a parlamentar, ao observar que o perdão aos presos do 8 de janeiro pacificaria o país. “Muitos deputados de centro perceberam essa situação. Anistia não significa impunidade. As penas estão desproporcionais.”

Rosana citou especificamente o caso da cabeleireira Débora dos Santos, condenada por ter escrito “Perdeu, mané” na Estátua da Justiça. “Ela nem entrou nos prédios dos Três Poderes”, afirmou. “Está sendo condenada a 14 anos. Qual ato dela atentou contra a democracia?”

Débora deixou o Centro de Ressocialização Feminino de Rio Claro, no interior de São Paulo, em 28 de março. A liberação ocorreu depois de o ministro Alexandre de Moraes conceder a prisão domiciliar.

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“Pessoas foram condenadas de forma coletiva”, disse Rosana. “Isso fere a individualização das penas. Isso mostra que a justiça não está sendo feita. É uma politização da Justiça. Não é julgamento, é vingança.”

A deputada lembrou ainda uma frase do ministro Cristiano Zanin, que se referiu aos presos do 8 de janeiro como “réus”, embora o julgamento dos manifestantes ainda esteja em andamento.

Deputada critica opositores da anistia

Na entrevista, Rosana criticou políticos e artistas que, no passado, clamaram pela anistia a terroristas de esquerda — mas agora se manifestam contra o perdão aos presos do 8 de janeiro. “É incoerente”, resumiu. “Se a anistia não for pautada, se a radicalização de verdades absolutas prevalecer, se não virarmos a página, não sei o que ocorrerá no país.”

Ela mencionou também as cartas escritas por presos do 8 de janeiro, com destaque para idosos e pessoas doentes. É o caso de Adalgiza Maria Dourado, de 65 anos, condenada a 14 anos de prisão. A idosa está presa desde maio de 2024 no Presídio Feminino do Distrito Federal, conhecido como Colmeia. À época, o ministro Alexandre de Moraes decretou a prisão da manifestante ao alegar que Adalgiza descumpriu medidas cautelares.

Além de conviver com o drama de estar presa, Adalgiza tem de lutar contra a depressão profunda, os pensamentos suicidas, o choro constante, as crises de ansiedade e as comorbidades.

Oeste teve acesso ao prontuário médico da idosa. Em uma consulta realizada em agosto de 2024, Adalgiza relatou ao médico que teve ataques de pânico em algumas ocasiões.

Ao ser interpelada sobre eventual interferência do Supremo Tribunal Federal (STF) no Congresso, em caso de aprovação da anistia, Rosana disse que não ficaria surpresa. “Não seria a primeira vez”, disse. “O Parlamento tem de decidir, de forma legítima. Parece, e é perceptível, que, quando não se ganha na política, recorre-se ao STF.”

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