O líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ), confirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro solicitou a retirada do próprio nome do projeto de anistia. O texto beneficia os acusados de envolvimento no 8 de janeiro.
Sóstenes confirmou a Oeste que Bolsonaro reforçou o pedido para ser excluído da lista dos beneficiados.
“Conversamos sempre”, disse o deputado. “Nesta semana, conversei com Bolsonaro sobre a retirada do benefício. Além disso, ele mesmo já declarou publicamente: não quer ser beneficiado. Quer prioridade para as pessoas e para as famílias que estão vulneráveis em meio a essa história.”
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Indagado sobre a possibilidade de excluir Bolsonaro da lista da anistia, o líder do PL respondeu que não considera o momento adequado para discutir o tema. A fala responde a especulações de que o ex-presidente já estaria fora da proposta.
“Anistia é para quem tem trânsito em julgado”, disse Sóstenes. “Não se anistia quem não tem condenação.” O parlamentar só pretende tratar da retirada do perdão a Bolsonaro em caso de uma eventual sentença contra o ex-presidente.
Bolsonaro quer celeridade
O ex-presidente reafirmou a decisão de ficar fora da anistia a aliados na última semana, segundo apurou Oeste. O objetivo é diminuir resistências da base governista e acelerar a tramitação da proposta.
O deputado Ubiratan Sanderson (PL-RS), primeiro vice-líder da oposição, relatou ter recebido uma ligação direta do ex-presidente.
“O presidente me ligou ontem, ao final da tarde”, disse Sanderson. “Me consultou tecnicamente. Eu disse que ele deveria estar entre os beneficiados, uma vez que não há provas contra ele e que nenhum crime foi cometido. Mas ele fez uma nova avaliação de que, politicamente, estender o benefício a ele pode atrapalhar.”
Decisão política
Para Sanderson, a retirada não configura estratégia, mas uma “decisão política”.
O deputado Maurício Marcon (PL-RS), também vice-líder da oposição, confirmou a orientação do ex-presidente. Segundo ele, Bolsonaro tratou do tema com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
“Hugo Motta nos confidenciou que, na conversa com Bolsonaro, ficou bem claro”, disse Marcon. “Bolsonaro não quer anistia para ele. Quer para os injustiçados presos do 8 de janeiro.”
A proposta de anistia segue em debate na Câmara, com apoio da oposição e resistência de parlamentares governistas. Enquanto integrantes do governo Lula insistem na narrativa de tentativa de suposto golpe de Estado, a oposição denuncia excessos nos julgamentos, abuso de prisões preventivas e aparelhamento do Judiciário.
Familiares dos presos também aumentam a pressão. Advogados relatam ilegalidades em decisões tomadas pela 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal.
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