Morre, aos 89 anos, o escritor Mario Vargas Llosa

O escritor peruano Mario Vargas Llosa, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, morreu neste domingo, 13, aos 89 anos, em Lima.

Um dos filhos do romancista peruano, Álvaro Vargas Llosa, confirmou a informação nas redes sociais. “Com profunda dor, tornamos público que nosso pai faleceu hoje em Lima, cercado por sua família e em paz”, escreveu.

A morte do autor encerra um dos capítulos mais importantes da literatura de língua espanhola no século 20 e 21.

Quem foi Mario Vargas Llosa

Desde sua estreia literária com Os Chefes, em 1959, Vargas Llosa construiu uma obra densa, crítica e humana. Com A Cidade e os Cães (1963), expôs a brutalidade militar em colégios internos do Peru, rompendo tabus e escancarando realidades. Três anos depois, A Casa Verde o consolidaria como um autor de projeção internacional, levando-o ao patamar de ícone da literatura hispano-americana.

Sua obra-prima Conversa na Catedral (1969) é considerada uma das mais importantes da literatura do século passado, ao dissecar a corrupção política e moral de seu país natal. Com A Festa do Bode, Vargas Llosa expôs as entranhas do regime de Rafael Trujillo na República Dominicana, reafirmando seu compromisso em usar a literatura como denúncia e reflexão.

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Mesmo aos 80 anos, seguia ativo. Lançou títulos como O Herói Discreto e Tempos Ásperos, este último sobre os bastidores da intervenção norte-americana na Guatemala, que lhe valeu o Prêmio Francisco Umbral de Romance.

Ao longo da vida, suas obras foram traduzidas para mais de 30 idiomas, rendendo-lhe prêmios como o Cervantes, o Príncipe de Astúrias das Letras, o Rómulo Gallegos, o Nacional de Novela do Peru, entre outros.

Da utopia à desilusão: o pensador político

Inicialmente seduzido pela Revolução Cubana, Vargas Llosa rompeu com Fidel Castro depois do célebre “Caso Padilla”, quando o regime obrigou o poeta Heberto Padilla a fazer uma autocrítica pública humilhante. De lá para cá, passou a se posicionar contra ditaduras e tornou-se um defensor fervoroso da democracia liberal.

Sua incursão na política foi além da teoria. Em 1990, lançou-se candidato à Presidência do Peru, liderando as pesquisas, até ser derrotado por Alberto Fujimori. O episódio marcou uma reviravolta: “Foi um erro ter saído da literatura”, reconheceria anos depois.

Naturalizado espanhol em 1993, tornou-se voz influente também na Europa. Nos últimos anos, atacou duramente o populismo, a quem atribuía o retrocesso das democracias contemporâneas.

Um homem de paixões e rupturas

Vargas Llosa teve uma estreita relação — e uma ruptura abrupta — com Gabriel García Márquez, outra lenda da literatura latino-americana. O motivo da briga permanece envolto em mistério. Quando interpelado, respondeu com secura: “Deixe que os biógrafos cuidem disso”.

Até seu último dia, manteve-se fiel à palavra e à escrita. Enfrentava o mundo com livros, ensaios e discursos — ora incômodos, ora provocativos, sempre instigantes.

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