Exportações de café batem recorde, mas preços altos preocupam setor

Apesar de o Brasil ter registrado um recorde nas exportações de café em 2024, com 50,4 milhões de sacas embarcadas para 116 países, o setor enfrenta obstáculos logísticos e os consumidores lidam com a alta dos preços. A lentidão na emissão de certificados fitossanitários tem provocado atrasos nos portos, enquanto o clima e o custo da produção pressionam o mercado interno.

De acordo com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o volume exportado representa um aumento de 28,5% em relação a 2023. A atuação dos auditores fiscais federais agropecuários, responsáveis pela certificação sanitária do produto, é fundamental para a manutenção desses números e da credibilidade internacional do café brasileiro.

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“Nos portos, aeroportos, fronteiras e áreas de produção, no beneficiamento até o comércio, os auditores fiscais federais agropecuários atuam de forma preventiva, protegendo toda a cadeia produtiva e garantindo que o Brasil siga sendo referência mundial em segurança agropecuária”, destacou o presidente do Sindicato Nacional da categoria (Anffa Sindical), Janus Pablo Macedo.

Segundo o sindicato, a Turquia e outros países exigem esse documento para autorizar a entrada da mercadoria. Na última sexta-feira, 11, representantes do sindicato se reuniram com integrantes do Ministério da Agricultura e Pecuária em Santos (SP) para discutir os gargalos que afetam o maior complexo portuário do país.

Exportadores relataram atrasos nas operações e mudanças nas escalas de navios por causa da demora na liberação dos certificados. A entidade defende investimentos em infraestrutura e recomposição do quadro de servidores para evitar prejuízos às exportações.

No mercado interno, o consumidor tem sentido os efeitos da alta dos preços. A combinação entre escassez de chuvas, aumento dos custos com energia e combustíveis e incertezas climáticas dificulta uma eventual redução dos valores. Para o Anffa Sindical, a manutenção dos preços elevados no curto prazo parece inevitável diante dos desafios produtivos e logísticos.

Série de fatores levou o preço do café às alturas

O café está caro, e isso não é por acaso. Um dos principais fatores é o sucesso das exportações brasileiras em 2024, que bateram recorde com mais de 50 milhões de sacas vendidas a 116 países. Com tanta demanda externa, a oferta para o mercado interno ficou mais restrita, o que elevou os preços ao consumidor.

Outro elemento importante é o câmbio. Como cerca de 80% dos insumos usados na produção de café são importados e pagos em dólar, a valorização da moeda norte-americana encarece a produção. Isso pressiona o custo final, tanto para produtores quanto para consumidores.

A logística também tem peso nessa conta. Falhas na infraestrutura portuária impediram o embarque de cerca de 1,6 milhão de sacas, o que representa perdas de milhões de reais. Esses custos extras acabam repassados ao longo da cadeia produtiva.

No cenário internacional, problemas climáticos reduziram a produção em países como Vietnã e Indonésia. Com menos café no mercado global, os preços subiram — o arábica teve alta de 70% e o conilon de 83% em um ano. O Vietnã, inclusive, teve que importar café do Brasil.

Internamente, o clima também foi desafiador. Regiões brasileiras enfrentaram estiagens no ciclo de formação dos grãos, o que pode afetar a próxima safra. Se a oferta cair, a tendência é que os preços continuem altos.

Por fim, tarifas de exportação e exigências sanitárias em mercados estrangeiros dificultam a venda de café industrializado, o que poderia gerar mais valor agregado. Enquanto isso, o Brasil exporta em larga escala e o consumidor paga mais caro pela xícara de todo dia.

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