Ibama veta projeto de dragagem do Canal do Varadouro por risco ambiental

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) barrou o pedido do governo do Paraná para realizar a dragagem do Canal do Varadouro. O projeto pretendia abrir uma rota náutica turística entre o litoral Norte do Estado e a região Sul de São Paulo. O órgão alega incompatibilidade com áreas de conservação ambiental. O jornal O Estado de S. Paulo divulgou as informações nesta segunda-feira, 14.

O Ministério Público Federal também entrou no caso e instaurou um inquérito sob sigilo. Ambientalistas e moradores da região se manifestam contra a obra, que cortaria áreas sensíveis como manguezais e trechos preservados da Mata Atlântica.

Mesmo depois da negativa do Ibama, o governo paranaense tenta reverter a decisão. Portanto, técnicos estaduais afirmam que o governo escavou o canal nos anos 1950 e que retomar a navegabilidade pode gerar benefícios econômicos e sociais para comunidades isoladas.

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O projeto prevê o alargamento da calha em até 30 metros e um aprofundamento de 2,4 metros. Além disso, estão incluídos 160 pontos de sinalização náutica, píeres, trapiches e áreas de apoio com banheiros, ambulatórios e estruturas de madeira em comunidades como Guapicu, Sebuí, Barbados, Superagui e Ilha das Peças.

Em contrapartida, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, responsável pelo Parque Nacional do Superagui, afirma que a obra fere a legislação ambiental. A Lei 9.985/2000 proíbe intervenções diretas em unidades de proteção integral. Segundo uma nota oficial, o projeto desrespeita esse limite legal.

A SOS Mata Atlântica também se posicionou contra a dragagem. Segundo Malu Ribeiro, diretora de Políticas Públicas da organização, o projeto omite respostas técnicas essenciais sobre seus impactos.

“É uma área extremamente frágil, e o projeto de dragagem é de alto impacto, prejudicial ao ecossistema de toda essa região de estuário, Mata Atlântica que é única no Brasil”, disse Malu.

Canal do Varadouro pode conectar pequenos povoados na região

A história do Canal do Varadouro remonta ao século 19. Em 1820, moradores de Cananéia começaram a escavar o trajeto com ferramentas manuais para facilitar o acesso à Baía de Paranaguá. Nesse sentido, o termo “varadouro” se refere justamente à prática de arrastar canoas em trechos rasos.

A dragagem só foi concluída em 1956. Durante décadas, o canal serviu para transporte, pesca e turismo ecológico. Mas com a construção da Rodovia Régis Bittencourt, a via perdeu relevância e acabou assoreada. Em certos pontos, é possível atravessá-la a pé.

Everton Souza, presidente do Instituto Água e Terra, órgão vinculado ao governo do Paraná, afirma que o canal é crucial para conectar pequenos povoados da região. Segundo ele, o objetivo não é criar uma hidrovia para grandes embarcações, mas viabilizar o transporte por barcos menores.

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“Para as famílias que moram nas comunidades tradicionais, o turismo náutico vai trazer benefícios importantes” argumenta Everton. “São populações que preservam, mas muitas vezes passam dificuldade, pois tem índice de desenvolvimento baixo.”

Ele ainda ressalta que, “tendo alternativa de renda com o atendimento que o turismo náutico demanda, podem ter sustentabilidade financeira e condição de vida muito melhor”.

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