Dois primos americanos de ascendência judaica decidem viajar até a Polônia para conhecer a terra da avó deles, recentemente falecida. Faz parte da viagem uma excursão por locais marcados pelo sofrimento dos judeus – como campos de concentração e os restos do tristemente célebre Gueto de Varsóvia.
Os primos se amam, mas são muito diferentes entre si. David (Jesse Eisenberg, de A Rede Social) é calado, previsível, casado, e em geral segue as regras que existem. Benji (Kieran Culkin, de Succession) é solitário, expansivo, divertido, carismático, mas cai em súbitas crises de depressão e agressividade.
O filme (disponível pela Disney+) foi escrito e dirigido por Eisenberg. É “pequeno” no melhor sentido da palavra. Sua produção foi barata e não existe nenhuma grande pretensão na história dos dois primos em busca da casa da avó. A “dor verdadeira” do título tem vários significados. Se refere ao fato de que os problemas de cada um desaparecem em proporção ao que seus parentes sofreram nas mãos dos nazistas e depois dos comunistas que tomaram a Polônia. Mas representa também um trocadilho com a expressão “a pain in the ass”, (algo como o nosso “um porre”) já que Benji é um cara difícil de se lidar.

Jesse Eisenberg mostra que, além de autor, sabe escrever um roteiro e dirigir com sensibilidade, conhecendo as limitações do material que possui. O filme foi inspirado por duas peças que ele havia escrito. Quanto a Kieran Culkin, livra-se da imagem de gozador cínico que desenvolveu como o herdeiro Roman Roy em Succession. Em A Verdadeira Dor, Kieran faz um papel cheio de nuances, saltando da euforia para a profunda tristeza de um momento para o outro.
O filme trata de temas muito próximos a todos nós – amizade, sofrimento, família, dúvidas, frustrações, opções. Por isso é precioso e está gerando elogios quase unanimes. É a vida como ela é.
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