Em meio a polêmicas com cota trans, Unicamp elege novo reitor

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, nomeou o professor Paulo Cesar Montagner para o cargo de reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A nomeação foi publicada na edição desta quinta-feira, 17, do Diário Oficial do Estado. O docente deverá ocupar o cargo no quadriênio 2025-2029.

Montagner sucede o professor Antonio José de Almeida Meirelles, que ocupou o cargo entre abril de 2021 e abril de 2025. A cerimônia de posse está marcada para o dia 28 de abril, às 16 horas, no Centro de Convenções da Unicamp.

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O novo reitor agradeceu ao Conselho Universitário da Unicamp (Consu) que, segundo ele, é um reflexo da comunidade. “Meu desafio a partir de agora é fazer com que a Unicamp avance e se mantenha nos elevados padrões de excelência que tem caracterizado sua história”, afirmou.

Montagner disse que pretende implementar uma gestão financeira que assegure financiamento e que garanta a valorização do servidor. “Queremos crescer nas áreas consagradas, fortalecer os nossos programas de inclusão e permanência e tornar ainda mais robusta a área da saúde com a busca de novos financiamentos e maior apoio dos governos estadual e federal”, acrescentou.

Montagner foi o primeiro nome de uma lista tríplice elaborada pelo Consu, em votação realizada no dia 1º de abril. A composição da lista teve como base os resultados de uma consulta feita à comunidade acadêmica, da qual participaram docentes, estudantes e servidores.

A consulta para a nova composição da Reitoria da Unicamp neste ano de 2025 ocorreu em dois turnos. O primeiro, disputado por três chapas, foi realizado nos dias 11 e 12 de março. O segundo turno ocorreu nos dias 25 e 26 de março. Nesta última consulta, Montagner obteve 51,61% dos votos.

Novo reitor deve aplicar “cotas trans” na Unicamp

Montagner enfrenta um compromisso desafiador em sua posse como reitor da universidade. O Consu aprovou em 1º de abril, por unanimidade, a adoção de cotas para pessoas trans, travestis e não binárias nos cursos de graduação. A medida vale para candidatos que tentarem ingressar por meio do Enem.

A Unicamp vai adicionar a cota às já existentes para pretos, pardos e indígenas. O projeto busca ampliar a inclusão no ensino superior e segue ações afirmativas adotadas por outras universidades.

A regra determina que cursos com até 30 vagas ofereçam pelo menos uma para essa população, que pode ser regular ou adicional. Em graduações com mais de 30 vagas, a reserva mínima será de duas. Caso as vagas não sejam adicionais, elas serão realocadas da ampla concorrência.

Pessoas na parada do orgulho com bandeiras LGBTIQ | Foto: Natalia de la Rubia/Shutterstock
Pessoas na parada do orgulho com bandeiras LGBTIQ | Foto: Natalia de la Rubia/Shutterstock

Nesse sentido, o processo seletivo vai exigir autodeclaração e um relato de vida do candidato. Uma comissão de verificação deve analisar esse documento — modelo já utilizado em outras instituições para garantir a correta distribuição das cotas.

Dados da Comissão Permanente para os Vestibulares mostram que, no último vestibular, 279 candidatos usaram nome social na inscrição. Desses, 40 foram aprovados, com destaque para os cursos de artes visuais, ciências biológicas e medicina.

A criação da cota resulta de um acordo entre a reitoria da Unicamp e movimentos sociais, firmado depois de uma greve em 2023. O professor José Alves Neto, responsável pelo grupo de trabalho da iniciativa, classificou a decisão como um marco histórico para a universidade.

Conheça o Prof. Montagner

Montagner é professor titular da Faculdade de Educação Física da Unicamp, onde também exerceu o cargo de diretor entre 2006 e 2010. Com vasta experiência na área de Ciências do Esporte, Montagner contribui para os estudos pedagógicos do esporte e para a formação acadêmica de profissionais de Educação Física.

Sua formação acadêmica inclui o doutorado em Educação Física pela Unicamp, com uma tese sobre a formação do jovem atleta e a pedagogia da aprendizagem esportiva. Anteriormente, obteve o mestrado em Filosofia da Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba.

As linhas de pesquisa de Montagner abrangem temas como ensino do esporte, iniciação e treinamento esportivo, gestão esportiva, formação de professores e pedagogia das modalidades esportivas. O basquetebol ocupa papel de destaque entre suas investigações, não apenas como prática esportiva, mas como campo de reflexão pedagógica e social.

Leia também: “A epidemia trans”, artigo de Flávio Gordon publicado na Edição 159 da Revista Oeste

Entre suas publicações, destacam-se livros e capítulos voltados à pedagogia do esporte, como Pedagogia do Esporte: iniciação em basquetebol e Intervenções pedagógicas no esporte: práticas e experiências, além de prefácios em obras sobre lutas, esportes adaptados e megaeventos esportivos.

Montagner também atua como parecerista e revisor de periódicos científicos nacionais e internacionais, com contribuições a publicações como a Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Motriz, Educação Física e Esporte e Sociedade e Estado.

Além da atuação acadêmica, Montagner esteve à frente de projetos de extensão e pesquisa aplicada com forte impacto social, como as Escolinhas Esportivas de Ação Cidadão, que promoveram atividades esportivas para crianças com apoio da Prefeitura de Campinas.

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