O empresário Marcelo Odebrecht, dono da Novonor (antigo Grupo Odebrecht), relacionou, em 2017, a corrupção no Peru ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao Partido dos Trabalhadores (PT). O caso voltou ao noticiário depois de o petista conceder, na última terça-feira, 15, asilo diplomático à ex-primeira-dama peruana Nadine Heredia.
Ela é mulher do ex-presidente do Peru Ollanta Humala, que governou o país entre 2011 e 2016. O político peruano recebeu dinheiro de propina enviado pela Odebrecht para financiar a campanha eleitoral no país. Em 2018, durante uma delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato, Marcelo confessou o envio de cerca de US$ 3 milhões a Humala.
“O acerto para campanha de Humala foi com o Antonio Palocci e Lula”, disse Marcelo Odebrecht em 18 de setembro de 2018.
Marcelo deu a declaração para explicar o contexto de um e-mail, enviado em 21 de junho de 2011 a Luiz Antônio Mameri, então diretor da Odebrecht na América Latina. Antonio Palocci, citado pelo empresário, era ministro da Casa Civil de Lula na época do envio do correio eletrônico.
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O dono da Novonor explicou à Polícia Federal que realizava diversos pagamentos para políticos no exterior porque era “interesse” do PT. Ele contou que, além do presidente do Peru, foram enviados pagamentos para pessoas em El Salvador.
“Todos os pedidos, com exceção desses aqui, eram pedidos do interesse do partido”, afirmou Marcelo. “Aí vai me perguntar o seguinte: sim, o que tem a ver o El Salvador e Ollanta Humala no Peru? É interesse do partido. Ou seja, o PT tinha interesse geopolítico.”
Peru condena ex-primeira-dama por corrupção com a Odebrecht
A investigação brasileira levou à abertura de um inquérito no Peru, para investigar o recebimento de dinheiro do exterior. A Justiça peruana condenou, na última terça-feira, Humala e Nadine a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro e por receber contribuições ilegais da construtora Odebrecht e do governo venezuelano para suas campanhas eleitorais.
Nadine também foi condenada, em 2020, por irregularidades na concessão do Gasoduto Sul do Peru à Odebrecht. Na época, ela cumpriu prisão domiciliar. Contudo, na condenação desta semana, o governo Lula concedeu asilo no mesmo dia em que a sentença foi proferida.
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A ex-primeira-dama do Peru viajou ao Brasil logo depois de ser condenada. O Ministério da Justiça brasileiro afirmou, em nota, que vai analisar o pedido de refúgio de Nadine e do filho de 14 anos, concedido pela Polícia Federal.
“A partir de agora, ambos deverão aguardar a deliberação do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), órgão vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública competente para decidir sobre os pedidos de refúgio”, informou a pasta.
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