Os venezuelanos ultrapassaram, pela primeira vez desde maio de 2022, os sírios como o maior grupo de solicitantes de asilo na União Europeia (UE). O dado, divulgado pelo bloco na última terça-feira, 15, revela que 8,3 mil venezuelanos entraram com pedido de proteção internacional em janeiro de 2025, mais do que os 7 mil sírios e os 5,6 mil afegãos.
O dado chama atenção por destacar uma mudança no perfil dos solicitantes de asilo, com o maior número de pedidos oriundo de um país que não está em guerra declarada, mas que enfrenta uma prolongada crise econômica, instabilidade política e dificuldades sociais.
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A troca de posições evidencia uma mudança no perfil dos refugiados que chegam ao continente europeu e revela o peso crescente do êxodo provocado por regimes totalitários e não apenas por conflitos armados tradicionais.
No total, 66,8 mil pessoas pediram asilo pela primeira vez na UE em janeiro de 2025, o que representa um aumento de 8% em relação a dezembro de 2024. Os principais destinos seguem os grandes países receptores: somente Alemanha, Espanha, França, Itália e Grécia concentraram 84% de todos os pedidos.

No entanto, quando analisado o número proporcional à população, a Grécia lidera com 50 requerentes por 100 mil habitantes, seguida de Luxemburgo e Espanha, o que demonstra como países de menor porte sentem mais intensamente a pressão migratória.
Outro dado que evidencia a gravidade da situação humanitária é o número de menores desacompanhados. Em janeiro, 2,1 mil crianças e adolescentes solicitaram asilo sem a presença de responsáveis legais. Egito, Síria e Afeganistão foram as principais origens desses jovens vulneráveis, com destinos a Alemanha, Grécia e Espanha.
Maduro decreta estado de emergência aos venezuelanos
A crise econômica na Venezuela atingiu um novo patamar neste mês. No dia 8 de abril, o ditador Nicolás Maduro assinou um decreto que impõe estado de emergência econômica em todo o país. A decisão tem validade de 60 dias.
Em discurso transmitido pela TV estatal, Maduro justificou o decreto como necessário para manter a “estabilidade econômica” do país e acusou os Estados Unidos de liderarem uma guerra comercial global ao aplicar tarifas de 15% sobre produtos venezuelanos.
Nas últimas semanas, o presidente norte-americano, Donald Trump, ampliou a pressão sobre o regime chavista. Entre as novas medidas, ameaçou impor tarifas de 25% a países que comprarem petróleo da Venezuela e suspendeu permissões para que companhias estrangeiras atuem no setor energético venezuelano.

Com o decreto, Maduro assume poderes extraordinários. A partir da publicação oficial, o presidente poderá intervir diretamente na economia sem consultar o Parlamento. A medida permite a criação de normas temporárias, com o argumento de estabilizar o mercado interno e proteger a produção nacional.
O governo passará a aplicar impostos adicionais, combater evasão fiscal e impor cotas mínimas de consumo para produtos venezuelanos. A meta oficial é reduzir a dependência de importações e controlar o fluxo cambial.
Além das áreas econômicas, o texto concede a Maduro liberdade para conduzir ações sociais e políticas durante o período de exceção. Na prática, o chavista passa a governar com carta branca e pode tomar decisões unilaterais sob a justificativa de emergência.
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