EUA desistem de reunião sobre trégua entre Rússia e Ucrânia

Diplomatas europeus cancelaram nesta quarta-feira, 23, uma reunião ministerial que discutiria um possível acordo de paz entre Rússia e Ucrânia. O recuo ocorre depois dos Estados Unidos retirarem, de última hora, seus principais representantes do encontro.

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O gesto sinaliza o desconforto crescente da Casa Branca com a posição ucraniana. Kiev se recusa a debater concessões territoriais antes de obter um cessar-fogo total. A delegação norte-americana, liderada por Marco Rubio, secretário de Estado, cancelou a ida a Londres horas antes da decolagem.

David Lammy, secretário britânico de Relações Exteriores, que sediaria a reunião, reduziu sua participação a um breve pronunciamento técnico. Como resultado, a decisão enfraquece os esforços multilaterais para encerrar o conflito que já dura mais de dois anos.

EUA pressiona por acordo imediato

Nesse sentido, J.D. Vance, vice-presidente dos EUA, atualmente em viagem oficial à Índia, voltou a cobrar uma definição de Moscou e Kiev.

“Fizemos uma proposta muita explícita tanto para os russos quanto para os ucranianos, e é hora de eles dizerem sim ou os Estados Unidos abandonarem esse processo”, disse Vance. “Vamos ver se os europeus, os russos e os ucranianos conseguirão, finalmente, levar isso até o fim.”

Segundo o republicano, a proposta norte-americana congela as linhas de frente atuais e prevê que ambos os países renunciem a parte dos territórios que controlam. A Casa Branca, portanto, considera esse plano um passo viável para uma negociação mais ampla.

Apesar da ausência dos EUA, a delegação ucraniana decidiu seguir para Londres. O grupo é liderado por Andriy Yermak, chefe de gabinete de Volodymyr Zelensky, e inclui o ministro da Defesa, Rustem Umerov, e o chanceler interino, Andriy Sybiha.

“Vamos discutir formas de alcançar um cessar-fogo total e incondicional como primeiro passo em direção a um acordo abrangente e a uma paz justa e duradoura”, destaca Yermak.

Crimeia segue como obstáculo para cessar-fogo

Nos bastidores, fontes diplomáticas revelam que o ponto mais sensível da proposta da Casa Branca envolve a Península da Crimeia, localizada na costa Norte do Mar Negro.

O plano, apresentado por Steve Witkoff, aliado de Donald Trump, prevê que os EUA reconheçam oficialmente a península como parte da Rússia em troca da suspensão das hostilidades. No entanto, Zelensky rejeitou a proposta.

“A Ucrânia não reconhecerá a Crimeia como russa”, afirmou Zelensky. “Isso viola nossa constituição. Não há nada a discutir. Esse é o nosso território, do povo ucraniano.”

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Segundo diplomatas envolvidos, o reconhecimento seria unilateral, sem exigir anuência oficial de Kiev. Atualmente, a Rússia controla cerca de 20% do território ucraniano, e não há indícios de que Moscou esteja disposta a devolver parte dessas áreas.

Do lado russo, a desistência norte-americana foi vista com ceticismo. Autoridades próximas ao Kremlin afirmam que o fracasso do encontro mostra o quão distantes ainda estão Washington D.C. e Kiev dos termos mínimos para um pacto de paz.

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