Sindicatos envolvidos em escândalo no INSS são ligados ao PT e centrão

Duas das entidades sindicais investigadas por suspeita de fraudes bilionárias em pagamentos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) têm vínculos políticos. A Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer) é ligada ao centrão, enquanto a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) é historicamente associada ao PT.

Segundo fontes do INSS ouvidas pela emissora CNN, a Conafer é a mais ativa no escândalo. O principal elo do sindicato com o governo Lula foi André Fidelis, ex-diretor de benefícios do INSS. Ele foi exonerado em julho de 2024, depois de reportagens do portal Metrópoles mostrarem esquemas fraudulentos de descontos nos vencimentos de aposentados.

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Fidelis assinava acordos com sindicatos e associações para que prestassem serviços aos aposentados, em troca dos descontos nos benefícios. Isso resultou em um crescimento expressivo no número de filiados e nas receitas da Conafer. Diante das denúncias, o INSS firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a entidade para revisar os descontos.

Internamente, a avaliação no INSS era de que a operação deflagrada pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pela Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira, 23, era apenas uma questão de tempo. De acordo com as fontes, o esquema já existia há anos, com tentativas recorrentes de correção tanto na atual gestão do INSS quanto em administrações anteriores.

Alessandro Stefanutto, então presidente do INSS
Alessandro Stefanutto, presidente afastado do cargo no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) | Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal/Instagram

Funcionários do INSS disseram à CNN que Fidelis se gabava de dizer que não respondia ao presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que pediu demissão diante da operação. A saída dele também já havia sido decidida pelo presidente Lula. 

Embora não fosse a primeira escolha de Lupi para o comando do INSS, Stefanutto e o ministro acabaram alinhados. A primeira indicação, Glauco Wamburg, foi exonerado em 2023 após denúncias de uso indevido de passagens e diárias. O aumento das filas do INSS também gerou insatisfação no Palácio do Planalto.

Entidades usaram brecha em MP para multiplicar descontos no INSS

Por sua vez, a Contag tem vínculos históricos com o PT, por meio de sindicatos de trabalhadores rurais. O atual presidente da entidade, Aristides Veras, foi vereador e vice-prefeito de Itabira (MG) pelo partido. O envolvimento da confederação, considerada “organizada e republicana” por uma das fontes, surpreendeu servidores do INSS.


Ambas as entidades sindicais multiplicaram seus descontos associativos através de uma brecha anterior à Medida Provisória (MP) 871/2019, quando bastava uma declaração sindical para comprovar a aposentadoria rural. A declaração podia ser revista anos depois, pelo próprio sindicato. 

Embora a MP tenha endurecido as regras, durante sua tramitação no Congresso surgiram brechas que permitiram a continuidade da prática.

Os valores dos descontos associativos variam de R$ 20 a R$ 50 por pessoa — considerados baixos individualmente, mas altamente lucrativos pelo volume de beneficiários.

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