Duas das entidades sindicais investigadas por suspeita de fraudes bilionárias em pagamentos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) têm vínculos políticos. A Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer) é ligada ao centrão, enquanto a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) é historicamente associada ao PT.
Segundo fontes do INSS ouvidas pela emissora CNN, a Conafer é a mais ativa no escândalo. O principal elo do sindicato com o governo Lula foi André Fidelis, ex-diretor de benefícios do INSS. Ele foi exonerado em julho de 2024, depois de reportagens do portal Metrópoles mostrarem esquemas fraudulentos de descontos nos vencimentos de aposentados.
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Resumo:
2018) Fim da contribuição sindical
2019) Sindicatos começam a roubar
2022) Sindicatos declaram apoio a Lula
2023) Lula nomeia presidente do INSS
2024) Explodem esquema de corrupção
2025) Operação deflagra prisões
2025) Vice-presidente de um dos sindicatos é Frei Chico,… pic.twitter.com/46P599ZfRw— Guilherme Todeschini (@guitodeschini) April 24, 2025
Fidelis assinava acordos com sindicatos e associações para que prestassem serviços aos aposentados, em troca dos descontos nos benefícios. Isso resultou em um crescimento expressivo no número de filiados e nas receitas da Conafer. Diante das denúncias, o INSS firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a entidade para revisar os descontos.
Internamente, a avaliação no INSS era de que a operação deflagrada pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pela Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira, 23, era apenas uma questão de tempo. De acordo com as fontes, o esquema já existia há anos, com tentativas recorrentes de correção tanto na atual gestão do INSS quanto em administrações anteriores.

Funcionários do INSS disseram à CNN que Fidelis se gabava de dizer que não respondia ao presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que pediu demissão diante da operação. A saída dele também já havia sido decidida pelo presidente Lula.
Embora não fosse a primeira escolha de Lupi para o comando do INSS, Stefanutto e o ministro acabaram alinhados. A primeira indicação, Glauco Wamburg, foi exonerado em 2023 após denúncias de uso indevido de passagens e diárias. O aumento das filas do INSS também gerou insatisfação no Palácio do Planalto.
Entidades usaram brecha em MP para multiplicar descontos no INSS
Por sua vez, a Contag tem vínculos históricos com o PT, por meio de sindicatos de trabalhadores rurais. O atual presidente da entidade, Aristides Veras, foi vereador e vice-prefeito de Itabira (MG) pelo partido. O envolvimento da confederação, considerada “organizada e republicana” por uma das fontes, surpreendeu servidores do INSS.
🚨Fraude no INSS: sindicato de irmão de Lula é alvo da Polícia Federal. pic.twitter.com/rkMTj7cpc1
— Nelson Carvalheira 🇧🇷 (@N_Carvalheira) April 23, 2025
Ambas as entidades sindicais multiplicaram seus descontos associativos através de uma brecha anterior à Medida Provisória (MP) 871/2019, quando bastava uma declaração sindical para comprovar a aposentadoria rural. A declaração podia ser revista anos depois, pelo próprio sindicato.
Embora a MP tenha endurecido as regras, durante sua tramitação no Congresso surgiram brechas que permitiram a continuidade da prática.
Os valores dos descontos associativos variam de R$ 20 a R$ 50 por pessoa — considerados baixos individualmente, mas altamente lucrativos pelo volume de beneficiários.
O post Sindicatos envolvidos em escândalo no INSS são ligados ao PT e centrão apareceu primeiro em Revista Oeste.