Em editorial publicado na noite desta terça-feira, 29, o jornal Folha de S.Paulo afirma que o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, foi omisso diante das fraudes reveladas pela Polícia Federal na investigação sobre descontos aplicados a benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e que o ministro “perdeu as condições de seguir no governo”.
“No cargo desde o início deste governo, em 2023, Lupi foi omisso quanto a denúncias e recomendações de órgãos de controle a respeito de inoperâncias e sinais de malfeitos justamente na administração do que é a essência do seu ministério, o instituto responsável pelo pagamento de aposentadorias, pensões e auxílios”, afirma o jornal.
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O editorial lembra que, em 2023, Lupi ignorou sucessivos alertas emitidos por órgãos de controle desde 2019. As denúncias de fraude foram levadas ao Conselho Nacional da Previdência Social, presidido por Lupi, ainda em 2023.
Documentos da Controladoria-Geral da União (CGU), do Tribunal de Contas da União e do Ministério Público Federal mostravam falhas graves de fiscalização e indícios de irregularidades no sistema de autorização de descontos. As queixas de beneficiários cresceram, mas o ministério não adotou medidas efetivas.
Por isso, conclui o jornal, “não faz sentido que o responsável administrativo e político pelo descalabro continue no ministério”.
Descontos no INSS aumentaram mais de 270% sob Lula
Segundo o editorial, a apuração revela que o esquema começou ainda no governo de Michel Temer, mas se intensificou nos últimos dois anos, no governo Lula. Em 2023, os descontos saltaram 84% em relação ao ano anterior. Já em 2024, o crescimento bateu 273% na comparação com 2022, último ano do governo Jair Bolsonaro.
A CGU enviou, ainda em meados de 2024, um relatório preliminar ao INSS, com provas de fraudes e recomendações para frear os abusos. Em setembro, o documento final classificou a postura da autarquia como negligente e cobrou medidas urgentes, que não saíram do papel até 2025.
Em contrapartida, Lupi afirma que demitiu um diretor envolvido na demora da auditoria interna. No entanto, essa ação apenas foi realizada em julho de 2024. Já o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, só foi demitido depois de ser afastado pela Justiça.
E a mudança nas regras para autorizar os descontos, com exigência de documentos e biometria, começou a valer apenas em 2025.
Ministério ignorou alertas e não recuperou prejuízo
A Folha ressalta que, apesar da enxurrada de denúncias, o Ministério da Previdência não conseguiu dar respostas concretas à população. Não há registro de ações eficazes para tentar recuperar o dinheiro descontado indevidamente dos beneficiários da Previdência.
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Interpelado, Lupi declarou à imprensa que “não é simples investigar” e que “a administração pública é demorada”. Mas tanto o ministério quanto o INSS dispõem dos dados, dos registros e da estrutura para agir com mais rapidez do que outros órgãos de controle.
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