A máxima rodriguiana – “toda família em algum momento começa a apodrecer”, dita pelo personagem Peixoto (Marcio Araújo) – ganha contornos ainda mais sombrios na encenação de “Otto Lara Resende ou Bonitinha, mas Ordinária ou No Brasil Todo Mundo é Peixoto” dirigida por Nelson Baskerville. A montagem revive o texto clássico e o transforma em espelho do Brasil pós-2022, onde o “deserto de pneus” no palco evoca os acampamentos bolsonaristas e converte-se em símbolo de uma aridez que não é apenas política, mas moral. As sacolas plásticas que cobrem os rostos dos atores completam a metáfora: a hipocrisia que Nelson Rodrigues sempre escancarou agora se multiplica em tempos de discursos conservadores inflamados e falsa moralidade.
Leia mais (05/01/2025 – 11h00)
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