A indústria brasileira enfrentou em abril um cenário de virtual estagnação, de acordo com os dados do relatório da financeira S&P Global publicado nesta sexta-feira, 2, que demonstrou enfraquecimento da demanda e perda de ritmo na produção.
O Índice de Gerentes de Compras (PMI), principal indicador do desempenho do setor, caiu de 51,8 em março para 50,3, “sua marca mais baixa desde dezembro de 2023”, e se aproximou da linha de 50, que separa crescimento de contração.
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A análise ressalta que “o setor industrial brasileiro quase estagnou em abril, com uma expansão apenas marginal dos níveis de produção, em meio a uma nova queda em novos pedidos”. O panorama é agravado pela retração nas exportações e pela confiança empresarial em seu ponto mais fraco desde o começo da pandemia de covid-19.
Segundo o relatório, “a queda no volume de novos pedidos foi a primeira em 16 meses”, ainda que a taxa de contração tenha sido considerada marginal. Ainda assim, o enfraquecimento da demanda se fez notar tanto no mercado interno quanto no externo, com destaque para a retração nas vendas para o Mercosul e os Estados Unidos.
A produção da indústria, embora tenha aumentado pelo terceiro mês consecutivo, o fez de forma tímida. A pesquisa mostra que esse crescimento “foi limitado por cancelamentos de pedidos, queda nas vendas e escassez de mão de obra qualificada”.
Pollyanna de Lima, diretora associada de economia da S&P Global Market Intelligence, destacou que “o registro do PMI principal ficou marginalmente dentro da zona de crescimento, sinalizando condições industriais amplamente estagnadas e encobrindo circunstâncias um tanto preocupantes que sugerem que o setor poderia estar entrando gradualmente em uma fase de contração”.
Ela acrescentou que “a atividade de compras foi reduzida, a criação de empregos desacelerou e os estoques de insumos caíram, à medida que as empresas buscaram cortar custos operacionais em meio a crescentes preocupações com a saúde e a direção futuras da economia”.
Contratações em queda na indústria
Em abril, a criação de empregos no setor foi “a mais fraca em quatro meses”, reflexo de medidas de contenção de custos e da carência de novos pedidos. Ainda segundo o levantamento, os pedidos em atraso caíram “à taxa mais acelerada registrada em sete meses”, o que sugere que as empresas têm conseguido manter a carga de trabalho sob controle.
Diante de uma carteira de pedidos instável, muitas indústrias optaram por reduzir a atividade de compras e recorrer aos estoques existentes, que diminuíram “pelo segundo mês consecutivo e a um ritmo mais acelerado do que em março”. No entanto, os estoques de bens finais aumentaram pelo terceiro mês seguido, embora de forma marginal.
A inflação de custos na indústria também apresentou sinais mistos. Apesar da desaceleração, os aumentos continuaram “acentuados”, com destaque para “rolamentos, fretes, gás natural e aço”, enquanto produtos como petróleo, têxteis e algumas commodities apresentaram redução de preços.
Quanto aos preços cobrados pelos produtos industriais, houve recuo “para o nível mais baixo desde março de 2024”. Parte das empresas buscou transferir os aumentos de custos aos consumidores, mas outras recorreram a descontos para estimular as vendas.

A confiança empresarial recuou para o nível mais baixo dos últimos cinco anos, pressionada por incertezas políticas, econômicas e comerciais, como “crescente instabilidade nas carteiras de pedidos” e preocupações com a política tarifária dos EUA.
Por fim, o estudo registra que os prazos de entrega aumentaram novamente em abril, “com as empresas observando lentidão na logística e escassez de materiais nos fornecedores”. No entanto, a deterioração foi classificada como “apenas discreta”.
O estudo, baseado em cerca de 400 entrevistas com gerentes de compras, foi conduzido entre os dias 9 e 23 de abril. A S&P Global reforça que os dados do PMI são um dos termômetros mais acompanhados pelos mercados e formuladores de políticas para antecipar tendências econômicas.
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